sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

ONDE ESTÁ A VERDADE?

“Quid est veritas?” (Onde está a verdade?). Esta pergunta foi formulada há 2000 anos por Pilatos a Cristo. A resposta mais convincente foi dada por Aristóteles, desde que Pilatos, ao formulá-la, parece ter-se desinteressado do assunto. Até hoje, o governador da Judéia só é lembrado por ter, simbolicamente, lavado as mãos, no que se tornaria o segundo maior acontecimento da humanidade no seu lado ocidental: a morte desse mesmo Cristo.
Aristóteles definiu a verdade como sendo “uma adequação ou coerência entre o que se diz e a coisa ou entre o que se diz e o ocorrido”. A verdade ou falsidade se prende apenas à verificabilidade, que não exige experimentação direta. Basta que se indique uma maneira fisicamente possível de testar.
Esse é o grande dilema com que a classe política depara. O eleitor, ao acreditar que há coerência no discurso político, é induzido a dispensar a verificabilidade, que nessa área, só é possível após a experimentação direta. Traduzindo: só é possível avaliar a veracidade ou a falsidade do enunciado político quando já é tarde demais.
É por isso, que o discurso político não pode e não deve ser analisado a partir da ótica maniqueísta falso-verdadeiro. Esse tipo de discurso deve ser tratado como hipótese, que é a afirmação de uma relação entre dois ou mais fatos, que deve ser verificada posteriormente.
Mas, voltando à pergunta inicial, onde está a verdade? A resposta não é simples. No governo ou na oposição, perguntaria o otimista? Em cima ou em baixo?, perguntaria o filósofo? Na lágrima sofrida de um rosto triste ou no riso debochado de um qualquer? Aqui na terra ou nos confins do Universo? Com o homem adúltero ou com o homem adulterado na sua essência? Com Deus ou com o Diabo? Dentro ou fora de nós? Nos bares ou nos lares? Estará por acaso a verdade, tal qual um deus onipresente, simultaneamente em todos os lugares?
Pensar é preciso. Ou não é preciso pensar? Dolorosa interrogação. Pensar, pensar profundamente, é antes de mais nada, um ato de dor. Ai dos que pensam, diria, lembrando César. Feliz de quem não tem sempre presente a angústia do ser e como tal, do pensar, e coloca todos os seus méritos e deméritos nas costas largas de Deus.
Fiz estas reflexões, pensando no imbróglio que coloca a ex-secretária da Receita Federal, Lina Vieira e a ministra-chefe da Casa Civil do Palácio do Planalto Dilma Roussef em lados opostos. Lina Vieira afirma e confirma que teve um encontro com Dilma Roussef, no Planalto, onde a ministra teria pedido à chefe da Receita Federal que apressasse as investigações sobre um dos filhos do senador José Sarney. Ela diz ainda que teria entendido a conversa como um pedido para que encerrasse - arquivasse talvez - a investigação. E a pergunta que se faz e que ninguém quer responder, a começar pelo presidente Lula é: Onde - ou com quem - está a verdade?
Solicitado para que cedesse as fitas das câmeras que registrariam a entrada e saída de pessoas, sejam comuns ou autoridades de qualquer naipe, o Palácio respondeu simplesmente que as fitas eram apagadas a cada 30 dias. Ora, foi divulgado que o contrato entre a empresa responsável por essas gravações reza que as fitas deveriam ser apagadas após seis meses depois das gravações e a pergunta que fica no ar é: Por que o governo apagou essas fitas depois de apenas 30 dias? Teria sido tão fácil encerrar esse caso, como afirmou querer o presidente Lula. Bastaria mostrar as fitas e provar que Lina Vieira estava mentindo. Ao não fazê-lo, expôs a ministra-chefe da Casa Civil à dúvida no que se refere à sua credibilidade, ao desgaste político e até mesmo ao ridículo.
Sabe-se que Dilma Roussef tem por hábito negar tudo o que a envolva de modo negativo. Será que os donos do poder têm que mentir sempre para governar e, principalmente se manterem no poder?
A respeito da mentira, o pensador francês Michel de Montaigne dizia que os mentirosos deveriam ser condenados à fogueira, porque se a mentira fosse apenas o contrário da verdade, seria possível tolerá-la. O problema é que a mentira tem mil faces e seu poder de destruição não conhece limites.
Para complicar ainda mais a situação de Dilma Roussef, há registros no sistema de segurança do Palácio do Planalto, da presença de Lina Vieira em 2008, conforme o que disse o líder do governo no Senado Romero Jucá. Ora, se há provas de que Lina Vieira estivera no Palácio do Planalto em outubro de 2008, por que não poderia ter estado em novembro e dezembro desse mesmo ano?
Uma das maiores características do presidente Lula, além de dizer bobagens, é não lembrar de nada, absolutamente nada ou dizer que não disse aquilo que disse. Nesses casos, a desculpa oficial é que a imprensa, como sempre, na opinião dos políticos, deturpou ou inventou o que disse. Pelo jeito, Dilma Roussef vai pelo mesmo caminho, o que significa, em tese, que tudo isso a torna forte candidata à sucessão de Lula. Um povo que elege e reelege um homem que sofre da amnésia mais profunda quando se trata de seus erros (ver escândalo do Mensalão) e que se orgulha de ser analfabeto, pode, perfeitamente eleger uma candidata sobre cuja cabeça está pendurada a espada de Dâmocles da mentira.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

SE EU PUDESSE

SE EU PUDESSE


É claro que a autoria do texto abaixo não é minha. E nem poderia ser. E não poderia ser pela simples razão de que não possuo sequer uma centelha que seja da capacidade intelectual, da inspiração divina, diria eu, de um Jorge Luiz Borges, talvez o maior escritor que o argênteo pais da região do Prata já teve e, indiscutivelmente, seu nome está registrado em letras de ouro no panteão dos titãs da literatura, ao lado de gênios como Oscar Wilde, Tolstói, Dostoiewisky, Nabokov, Émile Zola, Milton ou Machado de Assis e Graciliano Ramos, que estão, eles também, na galeria dos imortais das letras.
Entretanto, pela beleza e sabedoria do texto, é que ouso enfeitar esta coluna com essa jóia, esse primor do mundo das letras. Como me foi repassado sem título, tomei a liberdade de nomeá-lo assim: “SE EU PUDESSE”. Deliciemo-nos portanto, e nos regalemos com essa delícia em forma de crônica:
“Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros.
Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais.
Seria mais tolo ainda do que tenho sido e, na verdade, bem poucas coisas levaria a serio.
Seria menos higiênico.
Correria mais riscos, viajaria mais. Contemplaria mais entardeceres, subiria mais montanhas, nadaria mais rios.
Iria a mais lugares onde nunca fui, tomaria mais sorvete e menos lentilhas, teria mais problemas reais e menos problemas imaginários.
Eu fui dessas pessoas que viveu sensata e produtivamente cada minuto da sua vida: claro que tive momentos de alegria.
Mas, se pudesse voltar e viver, trataria de ter somente bons momentos.
Porque, se não sabem, disso é feita a vida, só de momentos, não percas o agora.
Eu era um que desses que nunca ia a parte alguma sem um termômetro, uma bolsa de água quente, um guarda chuva e um pára quedas; se voltasse a viver viajaria mais leve.
Se eu pudesse votar a viver, começaria a andar descalço no começo da primavera e continuaria assim até o fim do outono.
Daria mais voltas na minha rua, contemplaria mais amanhceres e brincaria com mais crianças, se tivesse outra vez uma vida pela frente.
Mas, já viram, tenho 85 anos e sei que estou morrendo.”
Não sei porque, ao assistir mais uma vez o filme da minha vida, pensei que Borges, ao escrever o texto acima, o escreveu para mim, para ti, para nós. E fiquei triste ao ver que tudo poderia ter sido diferente. Mas não foi. E vi o meu viver que me pareceu, de repente, uma promessa que não se cumpriu, uma flor que não desabrochou e tantas possibilidades que se perderam nos desvãos do tempo. Só isso poderia explicar esse vazio que me domina, cada vez que olho o meu passado que sei, não voltará nunca mais, porque está escrito nas estrelas que no meu futuro, tu não estarás.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

QUERER NÃO É PODER

QUERER NÃO É PODER


As eleições estão próximas, muito próximas. E como sempre acontece, todos querem um lugar à sombra do poder, porém, a grande maioria ficará no deserto escaldante da falta de votos.
Os eleitores, como sempre, marcharão para as urnas, crentes que são os donos do voto, que eles é que decidem quem sentará no trono do todo poderoso deste reino de trevas. É claro, também, que a plebe ignara e inculta continuará a eleger e reeleger os mesmos, e por isso, sem o direito, de reclamar da tragédia nacional que é a roubalheira sem fim e sem tamanho que varre o país desde sempre.
Mudanças à vista? Nenhuma, nada de nadinha. Só o mesmo ramerrão, as promessas de sempre, as promessas de mais e as realizações de menos, os mesmos ataques pessoais de sempre durante a campanha e beijnhos depois, porque é precisso arrumar um jeitinho para acomodar os derrotados. Afinal de contas, o perdedor de amanhã pode ser aquele que é o vencedor de hoje.
Todos aqueles que escreveram com o próprio sangue a história da liberdade e da democracia no Brasil sabem, onde quer que estejam, que seu sacrifício foi em vão. Clamamos por liberdade a vida toda, entretanto, é preciso que nos lembremos de que liberdade não se dá e nem se ganha: se conquista. E a batalha para manter o que já conquistamos tem que ser travada todo santo dia, se é que o dia é santo, se é que alguma coisa é santa, exceto Deus.
Nossa fidelidade de hoje aos princípios basilares da Democracia é a mesma que sempre existiu à sombra das leis feitas pelos sábios e pelos justos. Mesmo assim, o Brasil está a ponto de ser destruído pela corrupção mais deslavada que se pode ver em todos os poderes e seus mais diversos escalões. E tal qual Jacob pergunto: “Ó Senhor Deus de Abraão, não pouparíeis o meu país se encontrasse nele pelo menos cinquenta justos? E não sei porque, tenho a sensação de haver escutado: “Meu filho, deixa de ser tolo. Não há sequer cinquenta justos nessa terra esquecida por MIM.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

UMA GRANDE HONRA

UMA GRANDE HONRA

O dia 22 de Janeiro de 2010 ficará gravado em letras de ouro na história da minha vida, porque foi nesse dia maravilhoso que, a convite de meus amigos Pierre e Alberto Alcolumbre, tive o privilégio de participar de um culto judeu realizado na Sinagoga de Macapá, instalada na antiga casa do grande amapaense e meu querido amigo Moisés Zagury, que Adonai o tenha em lugar especial por suas muitas virtudes.
Confesso que, não merecedor de tão grande honra, senti meu ego quase explodir de tanto orgulho, eu um gói (ainda que presumidamente de origem marrana) sou apenas um caboclo amazônida, orgulhoso de sê-lo.
E fiquei pensando o que a generosidade pode fazer. Por causa do honroso convite que me foi oferecido por Alberto e Pierre, duas pessoas que estão no meu coração para sempre, participei da cerimônia religiosa do povo hebreu, a oração do Sabbath e confesso que há muitos, muitos anos não sentia tanta paz como naquele momento em que o rabino EL MESCANY lia as orações que há milênios fazem parte do cerimonial religioso judeu. Mas, devo confessar que não senti apenas paz. Senti uma enorme felicidade e uma honra tão grandes, que por um momento pensei não suportar tanta emoção. A verdade é que, muito embora, muitas vezes tenha duvidado da real existência de Elohim, o Deus de Abraão me mostrou, finalmente, que a felicidade existe e que ela está ao nosso alcance. Basta que a busquemos com os olhos do coração. Tal qual a sabedoria, ela está nos pórticos de entrada das cidades, assim como nos pórticos de toda e qualquer casa, casebre, choupana ou palácio, pedindo para entrar e vivificar o coração dos que sofrem, ou precisam aprender um pouco mais do que existe em todo o Universo. E Adonai só quer isso: que sejamos sábios e felizes.
A sabedoria, a cultura e a fé hebréia são tão vastas, que ainda que a estudássemos por mil anos, ainda assim não a dominaríamos totalmente. E eu, apenas um escriba tucuju, ali, no meio de um grupo de pessoas que só queriam agradecer a Javeh, o muito que recebem e que recebemos todos, ainda que, muitas vezes não nos apercebamos disso, pois olhamos com demasiada insistência o que nos falta, e não o muito que já temos.
Eu, como já disse, um gói (não judeu) naquele lugar sagrado, com direito a quipá e Sefer , tentando compreender no meu iniciante “alef beit” (א ב), a leitura da Torah (A Lei). E pensei: “Meu Senhor Jeovah, como é possível tanta sabedoria e beleza”?
Não me lembro de haver sentido tanto bem estar em qualquer outro templo, dos muitos que conheci na busca de respostas para a minha alma atormentada como naquele momento único. E juro não estar exagerando, senti-me quase levitar de tanto orgulho, honra e felicidade.
Tenho consciência que nunca poderei agradecer aquele presente, aos meus dois amigos hebreus. Por isso, shabat((rque a cerimônia foi realizada no início do sábado, só posso humildemente dizer:ח ו ד ח (ToDaH RABA), Pierre e Alberto. E porque era sábado, Sabbath Shalom.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

O DESENCANTO DOS SABIÁS

As coisas acontecem quando menos se espera e nos lugares mais incomuns. O problema é que pouco ou nada percebemos o que realmente ocorre à nossa volta, exceção que abrimos com prazer quase mórbido para as coisas ruins e negativas da vida. É quase inevitável que nos aproximemos para ver de perto, em meio a tantos outros, o cadáver estirado no meio da rua, massacrado por um carro dirigido por um assassino que não será punido nunca. O sangue derramado no asfalto negro nos fascina. É quase como se nos sentíssimos aliviados porque o morto é outro e não nós, esquecidos no nosso egoismo que um dia será a nossa vez. Vivemos absolutamente despreparados para o fato de que um dia qualquer será o nosso último dia de vida. E quando o momento chegar, diremos, arfantes e angustiados, tal qual Goethe: “Mais luz, mais luz”.
A beleza, essa atinge a poucos de nós. Mas quando somos abençoados e bafejados por ela, é como se um sol suave nos atingisse e nos iluminasse o lado negro da nossa alma sofrida, e como se todas as cores celestiais nos invadissem a visão e nos transportasse para a ante sala do Paraíso. E quando o som mavioso do cantar de um pássaro nos invade os ouvidos, todas as células que nos compõem, como que param e quedam-se mudas, a ouvir aquele som que vem do trinar de um passarinho que foi criado apenas para aquele momento de beleza em forma de som. Como estaria a mente de Chopin quando compôs Noturno? Como estava o pianista que a interpretou em Mi Bemol Maior, ou a Sonata, dita ao Luar? E que dizer de Wagner quando compôs o Crepúsculo dos Deuses ou o Ouro do Reno? A beleza nos envolve a todos em todos os momentos. É pena que passemos por ela como os patos passam pelos plácidos lagos nos parques das grandes cidades, sem se permitirem molhar-se, encharcar-se pelo líquido que é fonte de toda a vida que há.
Parei para refletir sobre essas coisas, dia desses quando, saindo do Tribunal de Justiça da minha cidade, atravessei a rua em direção ao Palácio governamental. De repente, e eis que não mais de repente como diria o cronista da página social de um jornal qualquer, sou atingido pelo cantar de um sabiá. Num primeiro momento, acreditei estar ouvindo o sabiá da minha imaginação de poeta louco. Mas não, não era imaginação, era real. De repente, o pássaro calou-se. E eu, filho das florestas e caboclo nascido às margens de um rio que deságua no rei dos rios, assobiei imitando o seu cantar. E ele, o sabiá, respondeu-me e por um breve momento conversamos na linguagem dos sabiás.
Ele me falou da alegria do nascer do Sol e da tristeza de morar numa cidade onde a bulha citadina não permitia que as pessoas o ouvissem. Após isso, bateu asas e refugiou-se numa palmeira existente na entrada do Palácio governamental para dormir o sono dos justos, à espera de mais um dia pleno de sol e beleza. E eu fiquei ali parado, enquanto autômatos humanos entravam e saíam no e do Palácio e os carros passavam, acelerados, levando em seu bojo outras pessoas que só pensavam em chegar em casa, ligar a televisão e ficar parte da noite, hipnotizados e idiotizados em frente àquela telinha que não produzia nada que valesse à pena, porque todos sabemos que não há sensibilidade e nem vida inteligente no interior das TVs, inventos diabólicos cujo objetivo é nos causar a pasmaceira em que vivemos mergulhados, enquanto os sabiás cantam, desesperados, tentando nos chamar para o porto seguro da beleza que nos cerca e que insistimo em não ver, não ouvir e não sentir.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

SERÁ VERDADE?

SERÁ VERDADE?


Em artigo publicado ontem, neste jornal, o deputado estadual Camilo Capiberibe disse que “Não é por concordar com a gestão administrativa ou política adotada pelo governador Waldez Góes que votarei pela manutenção do veto às modificações impostas pela Assembleia Legislativa à Lei Orçamentária Anual”. Mais adiante disse também que, ... “apesar de ser um deputado de oposição votarei a favor da manutenção do veto e acredito que essa é a medida certa a tomar neste momento. ... “No entanto, é importante salientar que em política é preciso sempre avançar, evoluir. Rancor e ódio são elementos que não podem orientar decisões políticas de representantes responsáveis”.
Discurso bonito e palavras sensatas, mas não podemos esquecer que, se o ex-governador e ex-senador cassado por compra de votos pelo Superior Tribunal Eleitoral (TSE) pai do deputado sofreu, a culpa foi dele mesmo, que nunca hesitou em disseminar o ódio e o rancor, a discórdia, a desarmonia entre os Poderes do Estado, sem esquecer que ele, o ex-senador cassado, repetimos, cassado por compra de votos, acusou os desembargadores do Judiciário amapaense de serem narcotraficantes, o que, esclareça-se jamais foi verdade. Foi ele também que perseguiu professores, caluniou toda a imprensa do estado, chamando-a de “narco mídia”, o que, obviamente, era e é uma deslavada mentiras. Isso tudo sem contar o enorme prejuízo que o senhor pai do deputado deixou quando governador, provocado por uma administração pífia, incompetente e desastrosa, porque não apoiada em bases sólidas e sustentáveis.
Notória por seu estilo arrogante, autoritário e perseguidor, a família do deputado Camilo é contumaz na divulgação de uma determinada postura política quando, na verdade, na prática promovem e praticam exatamente o contrário. Isto posto, será que o deputado Camilo Capiberibe poderia explicar por que votou a favor do veto ao Orçamento estadual e diz, agora, ser a favor do governador Waldez Góes. E a prova que ele votou a favor do veto, é que o resultado da votação foi unânime.
Se, como afirma, o deputado socialista, vai realmente a favor de Waldez Góes, por que antes, votou contra. O voto pró Waldez, agora, não é apenas um dever do deputado Camilo, é obrigação. Por isso, por conhecermos o perfil político da família Capiberibe de afirmar uma coisa e fazer exatamente o oposto, a pergunta que fazemos é: Será verdade, mesmo?

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

APENAS UM FILHO BASTARDO

APENAS UM FILHO BASTARDO


Todos sabemos o que vem a ser filho bastardo. Trata-se tão somente do filho nascido de uma relação extraconjugal; ilegítima. Mas que não se pense que o personagem do qual vamos aqui falar é filho bastardo. Até onde sabemos, nasceu de uma união legal e a senhora sua mãe era ou ainda é - se ainda estiver vivendo no planeta dos homens = uma mulher honrada. A propósito, a palavra nepos (sobrinho, em latim), de onde vem o substantivo nepotismo, surgiu à época em que os filhos ilícitos de padres da Igreja Católica, para não serem abandonados à própria sorte, eram chamados de “sobrinhos”, e empregados pelos padres e altos funcionários eclesiásticos em postos de relevância na estrutura de poder da Igreja. Mas, o que queremos falar, não é propriamente do filho bastardo em si, mas de um filme, cujo título é: Lula, o filho do Brasil. Fosse eu cineasta ou algo semelhante, ou se pelo menos entendesse alguma coisa de filmes e filmagens, convidado a titular esse filme, e não hesitaria em denominá-lo “Lula, o filho (bastardo do Brasil).
Pnso eu, que o povo brasileiro está dando uma prova inequívoca de desequilíbrio psíquico. Isso porque, a partir da ascenção de Lula ao poder, fomos perdendo gradativamente, os nossos valores mais básicos. Essas mudanças, consequência natural das alterações semânticas aceitas por todos nós, são produto dos erros de raciocínio e da falta de intimidade
vocabular básica com as regras mínimas da gramática portuguesa do mandatário deficiente cultural que, pela repetição, torna-as vernaculares. Tudo isso, aliado à esperteza de um espírito pusilânime, tem o poder de corromper os alicerces de todos os poderes da nação.
Quando a inversão de valores básicos para o crescimento do país de forma sólida, sustentado pela honestidade, pela honra, pela probidade, quando não há espaço para a mentira e se passa a aceitar que o corrupto contumaz deve ser respeitado;
quando uma organização terrorista, que inferniza os
trabalhadores rurais, torna-se uma instituição lutadora em defesa dos pretensos direitos dos sem-terra, é transformar o dito pelo não dito, aceitar a mentira no lugar da verdade; é dizer que certo é o errado, em suma, que Deus é mau e o Demônio é bom. O novo dicionário da sordidez política brasileira
nos fez descobrir que é necessário mergulhar a fundo no mar de lama na qual mergulhou este país, para conhecer em todas as dimensões, o seu autor e personagem central de sua própria propaganda político-eleitoreira.
Já escrevi em oportunidades anteriores, que o endeusamento de Lula da Silva é abjeto, repugnante, repulsivo e imoral. Convém não esquecer que os grandes ditadores, a primeira coisa que fazem é bestificar seus suseranos e transformá-los em ídolos. O que não sabem é que, ao se tornarem ídolos, fatalmente cairão mais à frente, pois possuem pés de barro. Como disse a professora Aileda de Mattos Oliveira, Professora-Doutora de Lingua Portuguesa da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), “Considerar-se a si próprio Filho do Brasil, é exigir a legítima paternidade, a um país que já sofreu todos os vexames do filho que não
passa de um bastardo”. E mais, disse a Professora-Doutora Aileda Oliveira: “Regredimos ao populismo desenfreado do brizolismo e percebemos, claramente, a
existência de dois Brasis: o que trabalha e estuda para o desenvolvimento nacional e o que vive de estelionato político, sorvendo os impostos pagos pelo primeiro dos Brasis”. Tudo indica que, pelo andar da carruagem, e embriagado de álcool e de poder, Lula está aos poucos alijando a parte consciente do Brasil. Parte essa consciente, mas sonolenta, pareve não ver que Dilma Roussef é apenas uma fraude, como ele, Lula, também é apenas isso: uma fraude. Como dizem os traficantes do Rio, "está tudo dominado". Eles sabem o que
dizem, infelizmente. E está, mesmo. Tudo está dominado, pelo
dinheiro da corrupção mais deslavada. Mas nem tudo está perdido. Ainda podemos salvar a nós mesmos. Basta que nos conscientizemos que esse filmeco não deve ser visto e que procuremos outra opção nas eleições de 2010 que não seja e nem tenha a ver com esse personagem e seu bando que, saindo do nada, acredita ser um deus e que é onipotente, onisciente e onipresente. Que Javeh tenha piedade de nós, porque se não merecermos pelo menos um olhar de misericórdia daquele que tudo vê, corremos o risco de descobrir tarde demais que o Haiti é aqui.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

ESTRELA DO ORIENTE

ESTRELA DO ORIENTE

Em tempos passados, o maior tesouro de um povo que nos ensinou quase tudo o que sabemos, foi o maior dos livros de todos tempos, que atende pelo nome de Bíblia, também chamado Livro dos Livros. Foi nele que foram beber sua divina inspiração, todos os grandes poetas e sábios das religiões ocidentais, no qual aprenderam como emocionar os corações e de arrebatar as almas com sobre humanas e misteriosas harmonias. Nele, aprendeu Petrarca a modular seus queixumes; nele, Dante Alighieri visualizou o Inferno com seus nove círculos. Sem ele, Milton não teria surpreendido a mulher em sua primeira fraqueza e nem o homem em sua primeira culpa. Sem esse livro magnífico, n"ao teríamos surpreendido Deus em sua primeira ira e nem saberíamos a tragédia que representou para o homem a perda do Paraíso. Sem esse livro único, na verdade uma coleção, uma biblioteca única, jamais poderíamos cantar o nosso canto de dor, a desventura e o triste destino dos homens.
Se não foi esse livro de toda a sabedoria que há, quem foi que pôs diante dos olhos dos nossos escritores místicos os obscuros abismos do coração humano? Fosse a Bíblia suprimida e todos os povos mergulhariam na idade das trevas, no mundo das sombra e da morte. Na Bíblia, essa fantástica estrela que nos foi apresentada e presenteado por um povo que atendia pelo nome de hebreu - "aquele que veio do outro lado do rio", no caso o Eufrates - jamais teríamos acesso aos anais do céu, da terra e do gênero humano pois nela, está contido o que foi, o que é e o que será.
Desde o Gênesis, que é um idilio, que é belo, que é uma alegoria poética de beleza ímpar como a primeira aurora até o Apocalipse de São João, que é um hino fúnebre, que trasmite uma trizteza sem fim, como se ele fosse o último palpitar da natureza, que é como o último olhar de um moribundo. E entre um e outro, vemos passar diante de nosso olhos, sob o olhar de Deus, todas as gerações e todos os povos. Todos passamos, desde as tribos com seus patriarcas, as monarquias com seus reis, as repúblicas com seus magistrados. Passa a Babilônioa com sua abominação, assim como passam Nínive com sua pompa;Mênfis com suas artes e heróis e Roma com seu poder e os despojos do mundo. Exceto Deus, todos passam. Passo eu, passam eles, passamos nós. Tudo passa, até mesmo o tempo, cuja função é apenas passar e tornar secetoi tudo o que a ele pertence ou por ele é atingido. Mas Elhoim não passará jamais, pois Ele é o que não teve início e não terá fim, que já existia antes mesmo que o tempo exisisse e existirá mesmo depois que que o último fiapo de luz da última estrela passar.
É nela, na Bíblia, que se predizem todas as catástrofes e se faz a contagem de todas as nossas dores. É por isso que as harpas bíblicas ressoam lugubremente, dando os tons de todas as lamentações. Quem se lamentará como se lamentava Jeremias em torno de Jerusalém abandonada por Deus e pelos homens?
Foi nesse livro prodigioso que o gênero humano começou a ler, há mais de trinta e três séculos, e lendo todos os dias e todas as horas, ainda não acabou essa leitura. Moisés (Moshe) nos apresenta, sem véus, o verdadeiro rosto de Deus. A águia de Homero não subiu além dos montes do Olímpo nem transpôs além dos horizontes gregos. A águia do Sinai galgou até o trono resplandecente de Deus, e teve sob as asas, todo o orbe e não se pode comparar a epopeia bíblica, onde tudo é local e universal. Tudo o mais é tão distante quanto quanto Júpiter e Jeovah, entre o Olimpo e o Céu, entre a Grécia e o mundo.

O PANORAMA VISTO DA PONTE

O panorama visto da ponte

menos de nove meses das eleições gerais de outubro próximo, nota-se que a movimentação política ainda é extremamente cautelosa no Amapá. Os candidatos ao Senado são muitos, a ser verdade o que dizem os analistas políticos do estado. Waldez Góes (PDT-AP), por exemplo, é candidatíssimo ao cargo de senador. Mas não fala nada. O cavalo está selado e parado à sua porta. Só não o montará se não quiser e tiver outros planos ainda desconhecido de todos.
Mas, voltando a Waldez Góes, as chances de ser eleito senador são todas. Isto porque, além de ser um governante competente, é serio e probo. Se outra coisa não fizesse, o simples mas enorme avanço asfáltico que a BR-156 sofreu, mais a construção da ponte sobre o Rio Oiapoque, que ligará o Amapá à Guiana Francesa, isso por si só, já bastaria para colocar seu nome, definitivamente, na história da terra tucuju. Não tenho a menor dúvida que nosso desenvolvimento econômico, a partir da inauguração da ponte, será dividido entre antes e depois dela. Para me-lhor, evidentemente.
Para a segunda vaga ao Senado, candidatos não faltam. Fala-se desde Lucas Barreto (PTB-AP) até João Alberto Capiberibe (PSB-AP), passando por Gilvam Borges (PMDB-AP), João Bosco Papaléo Paes (PSDB-AP), além de eventuais outros menos votados.
O grande problema é que as vagas são apenas duas, o que significa que no "after day eleitoral", ouviremos muito choro e ranger de dentes e a clássica pergunta que sempre assola os derrotados na ressaca eleitoral: - "Mas, onde foi que eu errei?"
Para o trono governamental, hoje ocupado por Waldez Góes, os candidatos também são muitos para apenas uma vaga. Fala-se desde Lucas Barreto, que pensa ainda ser dono do belo cesto de votos que abocanhou nas últimas eleições municipais, pois, segundo dizem, ainda oscila entre o Senado e o governo do Estado, até o derrotado Camilo Capiberibe (PSB-AP), passando por Jorge Amanajás (PSDB-AP), Pedro Paulo Dias que, se assumir o governo no caso da saída de Waldez, certamente tentará a reeleição, passando por Alberto Góes (PDT-AP) que tem muitas chances, mas apenas e tão somente se o atual governador ficar onde está e o apoiar pesadamente. Não que Alberto Góes não tenha as necessárias qualificações para o cargo. Ele é extremamente competente, probo e de uma humildade que beira a simplicidade franciscana. Mas seu perfil é mais a de um técnico que a de um político, muito embora não lhe falte a visão do estadista, que sempre pensa um passo à frente dos demais, além de possuir uma visão de mundo empresarial, o que significa que muito se pode esperar dele, se eleito.
A propósito, Jorge Amanajás que se acautele. Hoje, é certo que ele tem o apoio da maior parte dos deputados esta-duais, além de ser dono de um gordo cesto de votos, tanto por causa da sua atuação como parlamentar, como por ser professor, ter dedicado muito de sua vida à educação da juventude amapaense, além de ter, ele também, visão de mundo larga e empresarial, além de ter um excelente perfil político. O pro-blema do presidente da Assembléia Legislativa é que, pelo menos um deputado estadual disse que: "o Jorge pensa que está com a maior parte da Assembleia ao lado dele. Nós vamos abandoná-lo na hora certa, porque apoio exige reciprocidade". E mais não disse. E nem precisava.
De modo que, o panorama visto da ponte, hoje, parece ser esse. Amanhã tudo pode mudar. Até porque, tudo o que sabemos de política, só vale até ontem. De qualquer modo, quem viver verá. Como a arte da análise política e da adivi-nhação podem ser extremamente falhas, porque envolvem fatores muito variáveis, tudo é possível. Até mesmo que eu esteja errado neste simples comentário. Uma coisa é certa: quem viver, verá. Tenho dito. E escrito.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

CURIOSIDADES BÍBLICAS

CURIOSIDADES BÍBLICAS


Não poucos livros tem sido escritos contendo dados interessantes, curiosidades, estatísticas e, pasmem, até mesmo erros de tradução ou de impressão da Bíblia. A primeira curiosidade [e que o nome Bíblia não aparece uma única vez na Bíblia. O nome advém do grego Biblos, por causa de uma cidade fenícia de Biblos, um importante centro produtor de rolos de papiros, usados para fazer livros. Com o passar do tempo, o termo passou a significar “livro”. Bíblia é a forma plural (“livros”). A Bíblia, na verdade, é uma coleção de livros. Também é conhecida simplesmente como “o Livro” ou “o Livro dos Livros”.
Um outro fato que chama a atenção é que a Bíblia não diz nada a respeito de qual era a fruta da árvore do conhecimento do bem e do mal, que não devia ser comida por Adão (Adam, em hebraico, palavra que deriva de Adamah, a Terra) e Eva. Uma antiga tradição européia diz que essa fruta seria a maçã. Em latim, a palavra “malum” significa tanto “maçã” como mal”, o que pode, perfeitamente, ter originado essa tradição.
Surpreendentemente, se bem observarmos, veremos que a palavra “Deus” aparece em todos os livros da Bíblia, exceto em Ester e Cântico dos Cânticos. Por isso, muitos judeus e cristãos argumentavam e, eventualmente ainda podem argumentar que esses livros não fariam parte da Bíblia.
Sabe-se, também que o texto mais antigo do Novo Testamento ainda existente, é um pedaço do Evangelho de João. Escrito em torno de 125 d.C., o fragmento contém partes de João, 18:31, incluindo a pergunta feita pelo quinto procurador da Judéia, o romano Pôncio Pilatos: “Você é o rei dos judeus?
Porém, temos muitos mais fatos bíblicos extremamente curiosos do que podemos apresentar num simples e pequeno texto como este. Por exemplo: a pessoa que mencionada mais vezes na Bíblia é Davi, cujo nome é citado 1.066 vezes na Nova Tradução da Linguagem de Hoje. O personagem bíblico mais velho e Matusalém, que tinha 969 anos quando morreu, segundo Gênesis 5:27. E o nome mais comprido da Bíblia é Maer-Salal-Hás-Baz (Isaías, 8:1, que significa “rápido para roubar e ligeiro para saquear”.
O detalhe mais que curioso, é que esse nome foi dado de forma simbólica pelo profeta Isaías a seu filho, para advertir o rei de que se os judeus fizessem um acordo com o Império Assírio, os assírios iriam invadir e tomar tudo o que quisessem.
Finalmente, o livro da Bíblia mais traduzido é o Evangelho de Marcos, talvez porque seja o mais curto dos quatro Evangelhos. Marcos pode ser encontrado em pelo menos 900 línguas.
Muito ainda há para ser conhecido e adequadamente divulgado sobre o que chamamos de fatos e curiosidades bíblicas. Faltam-me, porém, competência, talento e conhecimento para tanto. Mas, se este pequeno texto servir para ajudar pelo menos um leitor a pesquisar sobre esses fascinantes e curiosos episódios, já terá valido este esforço.

GRAVE AMEAÇA

GRAVE AMEAÇA


O açaí nosso de cada dia pode se transformar num grande problema para todos os habitantes da Amazônia, particularmente para os amapaenses. A razão é que ele, o açaí, pode estar sendo o veículo transmissor da doença de Chagas, uma doença terrível que, até há pouco era restrita a algumas regiões do Sudeste, mais precisamente no Vale do Jequitinhonha.
Segundo as últimas informações, a cada quatro dias, em média, uma pessoa é infectada com doença de Chagas ao beber suco de açaí na Amazônia. Tem sido assim nos últimos 15 meses, quando 15 surtos da doença foram registrados no Pará, no Amazonas e no Amapá. Já em março de 2005, laudos expedidos pelo Instituto Evandro Chagas, de Belém do Pará, confirmavam casos de doença de Chagas no Amapá. À época, 26 pessoas estavam contaminadas. A informação afirmava, também que tais pessoas rresidiriam na localidade de Igarapé da Fortaleza. A comunidade fica entre Macapá e o município de Santana, às margens da rodovia Salvador Diniz. Entretanto, a Secretaria Estadual de Saúde, através da Divisão de Epidemiologia declarou, então, que o surto não se caracterizava porque o foco estava centrado em dois locais, Igarapé da Fortaleza e Marabaixo, bairro da periferia de Macapá. onde três pessoas da mesma família estariam infectadas.
De certo, o que temos, é que no Amapá, felizmente, os poucos casos registrados até agora, mostram que os casos registrados são eventuais e acidentais. Isso, porém, não significa que deixemos de tomar as devidas medidas acautelatórias para evitar que em futuro breve possamos sofrer uma epidemia de doença que ainda não tem cura e nem sequer vacina. E essas medidas preventivas passam, naturalmente, pela questão da higienização do açaí, que deve ser lavado e enxaguado diversas vezes, desde o local onde é apanhado e, especialmente, nos locais em que o fruto é transformado em vinho.
A Divisão Estadual de Epidemiologia do Amapá já começa a alertar todos aqueles envolvidos na produção e venda de açaí a tomarem as mais severas medidas de higiene, pois a contaminação no ser humano não ocorre diretamente pela picada do inseto, que se infecta com o parasita quando suga o sangue de um animal contaminado (gambás ou pequenos roedores). A transmissão ocorre quando a pessoa coça o local da picada e as fezes eliminadas pelo barbeiro, penetram pelo orifício que ali deixou.
A transmissão pode também ocorrer por transfusão de sangue contaminado e durante a gravidez, da mãe para filho. No Brasil, foram registrados casos da infecção transmitida por via oral nas pessoas que tomaram caldo-de-cana ou tomaram açaí não adequadamente higienizado. Embora não se imaginasse que isso pudesse acontecer, o provável é que haja uma invasão ativa do parasita diretamente através do aparelho digestivo nesse tipo de transmissão.
A doença de Chagas é causada pelo protozoário parasita Trypanosoma cruzi que é transmitido pelas fezes de um inseto (triatoma) conhecido como barbeiro. O nome do parasita foi dado por seu descobridor, o cientista Carlos Chagas. Segundo os dados levantados por instituições de pesquisa desse grave problema patológico, esse inseto de hábitos noturnos vive nas frestas das casas de pau-a-pique, ninhos de pássaros, tocas de animais, casca de troncos de árvores e embaixo de pedras.
Normalmente, os sintomas são: febre, mal-estar, inflamação e dor nos gânglios, vermelhidão, inchaço nos olhos, aumento do fígado e do baço. Com freqüência, a febre desaparece depois de alguns dias e a pessoa não se dá conta do que lhe aconteceu, embora o parasita já esteja alojado em alguns órgãos. Como nem sempre os sintomas são perceptíveis, o indivíduo pode saber que tem a doença, 20, 30 anos depois de ter sido infectado, ao fazer um exame de sangue de rotina, o que significa que toda pessoa deve fazer, ao menos uma vez por ano, exame de sangue específico para detectar eventual contaminação. Meningite e encefalite são complicações graves da doença de Chagas na fase aguda, mas são raros os casos de morte.
No quesito tratamento, a medicação é dada sob acompanhamento médico nos hospitais devido aos efeitos colaterais que provoca, e deve ser mantida, no mínimo, por um mês. O efeito do medicamento costuma ser satisfatório na fase aguda da doença, enquanto o parasita está circulando no sangue. Na fase crônica, não compensa utilizá-lo mais e o tratamento é direcionado às manifestações da doença a fim de controlar os sintomas e evitar as complicações.
Como não existe vacina para a doença de Chagas, os cuidados devem ser redobrados. Como ainda não existe vacina para esse mal, convém eliminar o inseto transmissor da doença ou mantê-lo afastado do convívio humano. Essa é a única forma de erradicar a doença de Chagas.
Juntamente com a Divisão de Epidemiologia, a Vigilância Sanitária do Estado também está se empenhando em prevenir o problema, alertando, ela também, sobre a necessidade da mais perfeita igienização, tanto do açaí quando do caldo de cana, ele, também, um possível agente transmissor, caso não seja feita no produto a limpeza adequada.
Com essas medidas, com certeza, afastaremos uma eventual epidemia e poderemos viver mais e melhor, mas, para isso, é necessário que todos, instituições e povo caminhem de mãos dadas. Unidos, somos fortes e nada nos deterá em direção ao brilhante e breve futuro que aguarda, de braços abertos, o Amapá e os amapaenses.

sábado, 9 de janeiro de 2010

EVANGELHOS APÓCRIFOS

EVANGELHOS APÓCRIFOS


É comum que cristãos católicos usem o termo apócrifo para designar os escritos de assuntos sagrados que não foram incluídos pela Igreja no Cânon das Escrituras autênticas e divinamente inspiradas. A doutora em assuntos bíblicos, Maria Helena de Oliveira Tricca, compiladora da obra “Apócrifos”, cita “Os Proscritos da Bíblia” que afirmam: “Muitos dos textos apócrifos já fizeram parte da Bíblia, mas ao longo de sucessivos concílios acabaram sendo eliminados. Houve os que depois foram reíncluídos e, durante algum tempo tornariam a partilhar a Bíblia.”
Como exemplo, podemos citar: “O Livro da Sabedoria”, atribuído a Salomão, o Eclesiástico ou Sirac, “As Odes de Salomão”, o “Tobit” ou “Livro de Tobias”, o Livro dos Macabeus, e muitos outros. A maioria ficou definitivamente excluída do Livro dos Livros, como o famoso “Livro de Enoch”, o “Livro da Ascensão de Isaías” e os “Livros III e IV dos Macabeus”.
Mas, a pergunta que ninguém responde é: Quais foram os reais motivos para excluir esses livros das chamadas Santas Escrituras? Há quem questione que os “santos padres” da época se achavam superiores aos Apóstolos e mártires que vivenciaram de perto os acontecimentos relacionados a Cristo e ao judaísmo. E realmente, cabe a pergunta: De que poder se revestiam esses padres, para afirmarem que alguns Textos Evangélicos não representavam os ensinamentos da “Palavra de Deus”? Ou será que contrariavam esses textos, os interesse da Igreja de então? Quem nos há de responder? O certo, é que temos hoje, como consequência, uma Bíblia menor, incompleta, aleijada, porque alguns, na sua arrogância suprema, determinaram que tal coisa podia ou não, ser conhecida pelos que adviriam. Esta, sim, é a lamentável verdade. Pelo menos para mim. Não me cabe culpa alguma se, aqueles que se dizem extremamente religiosos e que, ao meu ver, padecem da obtusidade córnea de que nos falava Eça de Queiroz, limitam-se à aceitação literal dos textos ditos sagrados. Que a Bíblia é um livro absolutamente fantásticos pelas lições de sabedoria que dá a quem a manuseia, nenhuma dúvida. Não à toa é o livro mais editado e lido em todos os tempos e por todos os habitantes deste planeta, simples grão de areia diante da imensidão do Universo que nos cerca.
Mas, voltando aos textos ditos apócrifos, sabemos que existem mais de 60 evangelhos apócrifos como os de Tomé, de Pedro, de Felipe, de Tiago, dos Hebreus, dos Nazarenos, dos Doze, dos Setenta (ver Septuaginta), etc.
Apenas para que se tenha ideia melhor do que foi retirado da Bíblia, basta que se saiba que no início do cristianismo, os evangelhos eram em número de 315, sendo reduzidos a apenas quatro no Concílio de Nicéia, realizado no século I da era cristã.
Há quem acredite que, em relação ao Velho Testamento, a questão só foi resolvida por ocasião do Concílio de Trento. Determinou-se então, que os livros I e II de Esdras e a Oração de Manassés sairiam da Bíblia. Na contrapartida, alguns textos apócrifos foram reincorporados nos livros canônicos como “O Livro de Judite” (acrescido em Ester), “Os Livros do Dragão” e o Livros dos Três Santos Filhos” (acrescidos em Daniel), e o Livro de Baruch (que traz a Epístola de Jeremias”.
Consta, ainda, que os católicos não teriam sido unânimes quanto à inspiração desses livros. No Concílio de Trento, chegou-se ao cúmulo da luta corporal entre adversários, quando esse assunto foi tratado.
Lorraine Boerner (in Catolicismo Romano), afirma que o Papa Gregório, o Grande, declarou que primeiro Macabeus é um livro apócrifo, não sendo, portanto, um livro canônico. Sabe-se também que o cardeal Ximenes, em sua Bíblia poliglota, exatamente antes do Concílio de Trento, exclui os apócrifos e sua obra foi aprovada pelo Papa Leão X.
A propósito, o termo “apócrifo”, significa em grego, “ocultado” e não, necessariamente “falso”, como pensam alguns.
De certo, o que temos hoje, é uma Bíblia que, se de um lado é o maior de todos os livros, poderia ser, também, um livro muito maior nos seus ensinamentos, que basicamente tratam da vida, da morte e de todas as ciências humanas, além de nos contar histórias de homens que foram grandes, enormes na sua humildade, generosidade e na sua sabedoria, além de mostrar, em toda a sua glória, esse homem divino, podemos afirmá-lo, que se chamava Yeshuah na sua língua natal.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

SOBRE A CORRUPÇÃO

SOBRE A CORRUPÇÃO


A corrupção é um fardo pesado demais que os homens de bem e a sociedade carregarão para todo o sempre. Adão (Adam, em hebraico), nome que deriva da palavra Terra (adamah), simboliza Humanidade, é representado na cultura hebreia pela primeira letra do alfabeto hebraico (א). Temos então a letra Yud (י) que, em seu formato, é a única que não toca na linha inferior, pois ela significa o Sagrado. Com ela se escreve o nome dO Altíssimo. Se bem observarmos a letra Alef (א), veremos que ela possui dois yud's, ou seja, o homem é imagem de Deus. Ora, se Deus é absolutamente incorruptível, sua imagem, o homem, também deveria sê-lo.
Mas porque ser humano deixou de ser uma honra para se tornar uma desculpa, eis que Adão desejou o que nao era seu, ou seja, Eva, e tendo comido do fruto da árvore proibida, tornou-se carne e como tal corruptível. É o que nos ensina o Livro dos Livros no Gênesis. Milhares de anos depois, para onde quer que olhemos veremos a chaga da corrupção enlameando tudo e todos, até mesmo homens que, em princípio, não nasceram para ser desonestos. A corrupção destrói, mata, conspurca, fere de morte a moral, a ética, o corpo e a alma.
O pior é que, por paradoxal que seja, a corrupção só existe onde não deve existir. Se não há poibição legal ou ética ela não existe E isso por uma simples razão: ela só tem sentido em países onde há clara separação entre o público e o privado, e o governante não tem o direitode se apossar do bem comum como se fosse sua propriedade pessoal. Apenas como exemplo único entre milhares, vejamos o caso do senhor Roberto Arruda, governador de Brasília apanhado com a boca na botija, digo, com a mão no saco de dinheiro oriundo do achaque a que foram submetidos não poucos empresários do Distrito Federal, teve a petulância de dizer que perdoava os que o chamaram de ladrão, como se ele fosse o mais virtuoso dos homens. Descaramento acintoso é o mínimo que se pode dizer de tal patife. E o que é pior, o senhor Lula da Silva, o nosso nada amado deficiente cultural, teve a audácia de dizer que as imagens dele e acólitos enfiando em sacos de papel, meia e cuecas o produto do saque, gravadas por câmeras de televisão, não provava nada. É estranho, curioso mesmo, que o novo deus nascido no Brasil e que nos governa sempre saia em defesa de homens "probos" como os Arrudas, Dantas, Dirceus, Genoínos, Valérios, Palloccis, Collors e outros, digamos, assim, amigos do peito.
A confusão, a mistura do público e do privado já era malvista desde Roma e Atenas antigas, e conheceu o repúdio cada vez maior no Ocidente, desde a Idade Média. O que mais dói ver, é que a culpa de tudo isso é exclusivamente nossa, o povo, pois somos nós que a cada ano eleitoral os elegemos e o que é pior, os reelegemos. Tem-se então como consequência a miséria física e moral e a certeza de que nos países islâmicos, a função do carrasco é hereditária. No Brasil, eletiva.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

DE JUSTIÇA E SABEDORIA

DE JUSTIÇA E SABEDORIA


Diz o Livro dos Livros que aqueles que governam a terra, devem amar a justiça. Mas os que governam a terra, devem procurar antes de mais nada a sabedoria, que só atinge o seu ponto mais alto quando acompanhada da busca pela justiça. Lembrem-se, senhores governantes e donos do mundo, a sabedoria não entra na alma daquele que pratica o mal e nem habita no corpo daquele que é escravo do pecado. O caminho da retidão ensina que todos, principalmente os governantes, devem fugir da fraude, da insensatez e da prática da injustiça. Se a sabedoria de Deus é a maior expressão da justiça, significa dizer que o governante justo e sábio norteia seu caminho pela senda do bem e propicia o bem estar de todos sob sua suserania.
Diz ainda o Livro Sagrado que a sabedoria é um espírito amigo, mas que não deixa impune aqueles que se voltam contra ela, porque ela, a sabedoria, está em todos os lugares e seus ouvidos captam até mesmo o mais leve sussurro e dá a justa recompensa a quem a tem no umbral de sua porta, seja essa porta a de um palácio, seja a porta do mais humilde casebre entre quantos hajam neste planeta dos homens.
A propósito, as eleições vêm aí. Lembrando César, ai dos que mentirem para o povo, dos que o enganarem com as falsas promessas ditas pela língua bifurcada da serpente. Ai dos fraudadores, dos enganadores, dos que tiram para si, o que era destinado a uma população tão carente, tão sofrida, tão doente, tão faminta, tão sem nada, absolutamente nada, exceto a esperança de que amanhã tudo pode ser diferente. Não esqueçam que foi a tentação de Adão que nos corrompeu, foi o desejo exacerbado de uma mulher diferente das de sua raça que fez Holofernes perder, literalmente, a cabeça para a judia Judith. Não esqueçam que a boca mentirosa mata a alma e a palavra “male dicta” não fica sem o justo castigo.
Não devem esquecer os senhores candidatos que uma antiga história hebréia, conta que Daniel, por ser nobre, foi levado por Nabucodonosor para “o cativeiro da Babilônia”. E há uma um episódio em que faz uma profecia para o reino de Baltazar, quando aparecem, misteriosamente, três palavras indecifráveis na parede do palácio real, no qual estava acontecendo uma festa. A frase era a seguinte: “menê, tequel e perês”, mantendo o significado de “contado, pesado e separado.” Tais palavras foram interpretadas por Daniel como: Deus “contou”os anos de teu reinado (menê), e nele está pondo um fim; foste “pesado” na balança, e considerado em falta (tequel); teu reino vai ser ser dividido e entregue aos medos e persas (perês ou plural parsim) . Na mesma noite houve a invasão do medo Dario que se tornou rei.
Do mesmo modo, todos os candidatos vão ser contados, pesados e separados, ou seja, vão ser “menê, tequel e perês) pelos eleitores. E quem quiser, não acredite, mas nossa vida é contada (nosso tempo de vida); pesada (o peso de nossas ações, boas ou más) e separada deste corpo que nos aprisiona para que possamos nos dirigir ao Hades (Inferno) ou ao Shiquinah (o lugar da Presença Divina, em hebraico), também conhecido entre nós como Céu ou Campos Elísios.
E se isso é verdade na vida diária de cada um, muito mais verdadeira é, quando aplicada no terreno movediço da política.
Portanto, hajam com sabedoria porque se assim fizerem, serão considerados justos. Não esqueçamos que a sabedoria é o sentido da vida e a justiça é imortal. Quem não acreditar, ouvirá no “after day” eleitoral, choro e ranger de dentes. Mas aí, será tarde demais.

O PARAÍSO PERDIDO

O paraíso perdido

O poeta inglês John Milton, do século 17, eternizou-se ao escrever Paradise lost (1667 - Paraíso perdido), um dos maiores poemas épicos da literatura universal. Seu leit-motiv é a justiça divina, mas o personagem dramático que domina o poema é Satã. A seguir, escreveu o Paraíso conquistado. Este é sequência e contraponto. Cristo, o segundo Adão, vem à Terra reconquistar o que o primeiro dos homens perdera.
O conflito entre o bem e o mal perseguiu Milton até o fim da vida. É uma característica própria dos que tentam entender o Universo e o homem, a partir do princípio das partidas dobradas, ou seja o princípio que diz que para o bem, se contrapõe o mal; para a vida, a morte, para o alto, o baixo, para o mau, o bom, e assim por diante.
Este conflito tem dividido o homem desde o princípio dos tempos, sobre o certo e errado, guerra e paz, homem e mulher, dia e noite, Deus e o Diabo, crime e castigo. Esse mesmo conflito deu origem às religiões, que voltadas intrinsecamente para o bem, provocaram, talvez, os maiores males que o homem poderia criar para torturar-se a si mesmo. Além dos massacres cometidos em nome de Deus, as religiões colocaram viseiras que impediram o homem de raciocinar com clareza e pudessem ver a face serena de Deus, que buscam há tanto tempo.
A nossa civilização, dita greco-romana ou judaico-cristã, está sendo substituída por valores anglo-saxões. A América tenta impingir a idéia de que é possível a extinção do mal sem a prevalência do bem, que o crime não merece castigo, que Rosseau estava absolutamente correto com sua teoria do bom selvagem, que tal qual teria este fim, perdido o Paraíso por causa do Senhor das Moscas, como algumas seitas costumam chamar Belzebu (o Demônio do Judaísmo) e que William Golding estaria errado.
Nenhuma coisa e nem outra. O homem é simultaneamente Rosseau e Golding, é bom e é mau, é Deus e Diabo. Mais Diabo do que Deus.
Nossa tragédia, é que o Paraíso perdido está fora do nosso alcance. Tentamos por isso substituí-lo pelo paraíso da impunidade. Não vai dar certo, porque a humanidade tem caminhado desde os albores dos tempos, sob a permanente ameaça de homens cruéis e brutais.
Ainda vivemos em permanente estado de guerra. E qualquer pessoa que tenha estado na guerra, sabe que o homem produz o mal como a abelha produz o mel.
Mas. sonhar não paga imposto, ainda. Quem sabe ao fim e ao cabo não nos econtremos todos, quem sabe, naquele lugar abençoado que, se não era o Paraíso, ficava a Leste do Éden. E o pior. é que não nos resta outra opção: ou habitaremos os Campos Elíseos de que falavam os gregos, ou padeceremos ad eternum no nono círculo do Inferno de Dante. Quem viver, digo, quem morrer, verá.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

FLIP NÃO DÁ OUTRO

FLIP NÃO DÁ OUTRO

Sempre tive a veleidade de escrever. Reconheço que não escrevo bem, mas, fazer o quê, se a compulsão é maior que a minha força de vontade? Eu que sempre tive a imagem de mim mesmo como sendo pessoa desprovida da maldição da inveja, descubro horrorizado que sou um invejoso, sim. Morro de inveja de quem escreve bem. É por isso que lamento não ser um milésimo sequer de um Nelson Rodrigues, o cronista do absurdo e do patético. Lamento também, estar a léguas de distância de um Rui Guilherme de Vasconcelos Souza Filho ou de um Ruben Bemerguy, nomes que por si só dispensam apresentações, tal o seu valor humano, literário e intelectual. A mim, resta então, fazer o que me é possível: segui-los. Isto, se possível for a um quelônio seguir ou acompanhar uma lebre. É por isso que, sempre que posso, cedo o espaço desta coluna onde escrevo mal traçadas linhas para quem conhece, realmente, a arte de escrever. Hoje, o espaço vai para o meu querido amigo e grande e exemplar advogado Ruben Bemerguy. Como já disse, Bemerguy dispensa apresentações e no texto a seguir, fala de um homem de quem tive a honra e o prazer de privar da amizade. Chamava-se Moisés. Moisés Zagury, um dos primeiros empresários amapaenses que, mesmo nascido em terras longínquas, era o mais tucuju de tantos outros quanto possamos tê-los, pela firmeza de caráter, pela honestidade, pela correção, por seus princípios básicos de homem franco e trabalhador, por sua lealdade, por sua falta de ambição a valores tipicamente terrenos, e pelo amor que devotava a sua esposa, Dona Raquel Zagury, mulher de honradez e beleza a toda prova. Tão bela quanto a Raquel bíblica, por quem Jacob serviu a Labão por longos 14 anos.
O texto de Bemerguy fala de um tempo que se foi para nunca mais voltar, um tempo em que éramos tão pobres, tão belos, tão inocentes. A ele, portanto. Vale a pena recordar.

FLIP NÃO DÁ OUTRO

“Ouça um bom conselho
Que eu lhe dou de graça
Inútil dormir que a dor não passa”.

“Chico Buarque de Holanda”

“Muito embora se possa pensar, e não sem alguma razão que me decidi por uma literatura lúgubre, digo sempre que não. Também digo não ser essa uma expressão de meu luto. Não escrevo sobre os mortos porque morreram simplesmente. O faço como quem ora, sempre ao nascer e ao pôr-do-sol, em uma sinagoga feita à mão, desenhada n’alma da mais intensa saudade. Escrevo também para que os meus mortos permaneçam vivos em mim. Morreria mais apressadamente sem a memória dos que amei tanto. É só por isso que escrevo. Porque os amei e ainda os amo.
E quando esses meu amores partem e com eles já não posso mais falar, passo, insistentemente a dialogar comigo. É um diálogo franco e, de fato, inexistente. Sempre que tento assumir a função de meu próprio interlocutor, uma súbita impressão de escárnio de mim mesmo me faz parar, e aí calo. Toco a metade de meu indicador direito, verticalmente fixo, na metade de meus lábios, como a pedir silêncio a minha insensatez. Taciturno, faço vir à memória de um tudo.
É por isso e tanto mais, que ando sempre atrasado. Demoro a escrever e quando decido o faço tão pausadamente que chego a aprender de cor todo o texto. Por exemplo, se medido o amor que tinha por meu tio Moisés Zagury, há muito me obrigava a ter escrito. Mas minha inércia não é voluntária e, por isso, não a criminalizo. Não há relação entre o tempo da morte e o tempo de escrever. A relação é de amor e é eterna. A morte e a palavra, ao contrário de mim, não se atrasam. Além disso, em minha vida andam juntas, nem que seja só em minha vida. Isso já aprendi porque as sinto frequentemente desde criança, tanto a morte quanto a palavra.
E é desde criança que lembro do tio Moisés. Lá, estive muitas vezes no colo. Pensei que adulto, isso não mais aconteceria, mas aconteceu até a última vez que o vi. No aeroporto, quieto em uma cadeira de rodas, ele ia. Tinha um olhar paciente, de contemplação, de reverência a Macapá e, sem que ele percebesse, eu em seu colo observava obcecadamente cada movimento dos olhos, queria traduzir e imortalizar aquele momento. Não consegui e até hoje tento imaginar o que o tio Moisés dizia pra cidade. Acho que tudo, menos adeus. Macapá e o tio eram inseparáveis. Essa era a terra dele e ele o homem dela. Isso é inegável. Por baixo das anáguas de Macapá ainda velejam o líquido de ambos: do tio e da cidade.
O tio conheceu a cidade cedo. Ele, moço. Ela, moça. Daí foi um passo para ser o abre-alas dela. Tinha dom. Rascunhavam-se incessantemente um ao outro. Eu os vi várias vezes passeando, trocando carícias. Ela costuma cantar para ele, enquanto ele fabricava um xarope de guaraná. O Flip. Flip guaraná. Dentro de cada garrafa havia um arco-íris. A fórmula era segredo do tio e da cidade, e até hoje o é. Por isso, só o tio conseguia pôr arco-íris em uma garrafa de guaraná. Acho mesmo que o Flip era feito da seiva da cidade. Eu o tomava gut, gut.
O Flip não foi só o primeiro guaraná produzido aqui. Não foi só também a primeira indústria. O Flip, me conta a memória, foi o cenário auditivo mais preciso da minha lembrança. Era a propaganda que anunciava promoção de prêmios a quem encontrasse no guaraná, além do arco-íris, o desenho de um copo no interior da tampinha da garrafa. O copo, sinceramente, não era minha grande ambição. O sabor estava mesmo, na propaganda que vinha pelas ondas das rádios Difusora e Educadora, se bem lembro. Era o som de um copo quebrando, esquadrinhado por uma indagação seguida da solução: “Quebrou? Flip dá outro. E dava mesmo.
Não sei se por ingenuidade da infância ou ignorância, o que aquele sorteio me fixou é que tudo era substituível. Se o copo quebra, Flip dá outro. Se a bola fura. Flip dá outra. Se a moda não pega. Flip dá outra. Se o tempo passa, Flip dá outro. Se o ar falta. Flip dá outro. Se o amor acaba, Flip dá outro.
Não me cabe agora eleger um culpado pela singeleza da minha compreensão de vida. Fico cá a suspeitar do arco-íris, e nem por isso me zango. Se me fosse permitido optar entre a idade madura e o arco-íris, escolheria o arco-íris sem piscar. Mas isso não é possível, agora eu sei. A bola fura, a moda pega, o tempo passa, o ar falta e o amor acaba. Tudo, é claro, por falta do Flip.
É um desconforto viver sem Flip. Todas as vezes que a vida me recusa, eu lembro do Flip. Mesmo assim, não digo nada a ninguém. Chamo num canto os arco-íris que conservo desde tanto, faço mimos, beijo os olhos, o rosto e sossego. Vem sempre uma chuva fina. Eu me olho e a guardo. Guardo muitas chuvas. Quando se guarda bem guardadinha, a chuva não dói. Só dói é saber que Flip não dá outro. Poxa, quanta saudade do meu tio".

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

NASCE UM NOVO DEUS

NASCE UM NOVO DEUS

Em Janeiro de 2010 deverá estrear em cinemas de todo o Brasil, o filme "Lula, o filho do Brasil", dirigido pelo áulico dos áulicos Fábio Barreto. Aliás, é bom lembrar que a profissão de áulico é uma atividade muito rendosa. Prova-o o fato de que áulicos de todos os naipes ideológicos e mercadológicos proliferam como ratazanas nos porões de qualquer governo e a procura pela função cresce a cada dia que passa. Eu, que nada entendo de filmes e filmagens, se convidado a titular o bendito filme, certamente mudaria o nome para "Lula, o filho (bastardo) do Brasil".
De certo o que temos é que, sendo 2010 ano de eleições gerais, o que inclui a Presidência da República, o filme, cujo pano de fundo é o endeusamento do nosso ilustre presidente deficiente cultural, é apenas e tão somente a mais rasteira e ignóbil propaganda eleitoral fora do prazo determinado por lei, ou seja, pra dizer o mínimo, uma contravenção da lei eleitoral. Dizem os "experts", que o filme será visto por pelo menos 20 milhões de brasileiros, isto sem incluir os sem neurônios televisivos eternamente ligados à Rede Globo de Televisão, sabidamente campeã absoluta de audiência, dada a nossa mais absoluta falta de cultura e do que melhor fazer.
É bom não esquecer que ditadores do tipo Nero, Marx, Mao Zedong, outrora conhecido pela grafia Mao Tse-Tung, Fidel Castro e até o amado amigo de Lula, Hugo Chávez, a primeira coisa que fazem para o controle absoluto da mente - e do voto - das vacas de presépio do povo, é o próprio endeusamento. E com Lula não está sendo diferente. Segundo ele mesmo, "Nunca na história deste país...". E haja lorota.
Mas, num certo sentido, cabe ao Brasil a expressão "Nunca antes na história deste país...". Por exemplo: nunca na história deste país tivemos um presidente tão analfabeto. Nunca na história deste país tivemos tantos escândalos políticos, provocadas pela roubalheira sem fim do Erário. A prova, podemos vê-la no escândalo do "Mensalão do PT"; no escândalo do dinheiro na cueca, versão 1 e 2 (não esquecer o "Mensalão do DEM", de Brasíli (ver governado Roberto Arruda, aquele que rima com Papuda), onde um parlamentar esconde dinheiro na cueca); o escândalo dos Correios; o escândalo envolvendo o homem mais honesto deste país, na visão dos ministros do STF, o banqueiro Daniel Dantas; o "Mensalão do PSDB de Minas Gerais (ver ex-governador e atual senador Azeredo da Silveira); o escândalo que é ver o STF colocando em liberdade um médico preso por estuprar dezenas de mulheres, todas clientes de sua clínica, pela simples razão, dizendo o ministro Gilmar Mendes, que o Ministério Público teria pedido a proibição de que o réu exercesse a medicina ou sua prisão. Como o registro médico foi cassado pelo Conselho Regional de Medicina de seu estado, "não havia mais razão para que o acusado permanecesse na prisão". É claro que nenhuma das vítimas é filha do ministro, presumo.
Dizem as más línguas que o próprio Rio Amazonas é criação, não de Deus ou da mãe-natureza, e sim do senhor Lula. Línguas mais que viperinas dizem até mesmo que em breve, ninguém se surpreenda se ouvi-lo dizer: "Nunca, na história deste planeta..." Eu, de minha parte, não tenho a menor dúvida de que, se viver o bastante, um dia ouvirei o nosso prezado deficiente cultural bradando com sua voz rouca como a voz rouca das ruas: "Nunca antes na história do Universo...". Afinal de contas, deuses existem para isso.