quarta-feira, 29 de setembro de 2010

...E PENSAM QUE SÃO NORMAIS

Têm a mente suja, o espírito pequeno, o pensamento burguês e o cérebro diminuto. E pensam que são normais.
Não nos atendem com a cortesia necessária. Não nos dão as informações que precisamos. Não cumprem de maneira eficiente, as funções que ocupam e que deveriam gerar benefícios para o Estado. E pensam que são normais.
São donos de arrogância infinita e sofrem de ausência de neurônios próxima do zero. E pensam que são normais.
Entram nos seus carros cintilantes e se acreditam senhores com direito de vida e morte sobre os demais, porque seus salários, absolutamente não condizentes com sua capacidade mental e intelectual assim permite, por decisão do seu amo e senhor. E pensam que são normais.
Dizem-se defensores de seu povo, mas sua visão sectária e limitada do mundo, sua falta de educação e cultura os faz agir contra os interesses do povo a que dizem pertencer. E pensam que são normais.
Enchem as igrejas, cabeça baixa, ar compungido, a certeza de que são donos da verdade e que podem enganar D’us. São víboras, falam a língua bifurcada da serpente. E pensam que são normais.
Moram em palácios e mansões. Vivem à custa do Erário. Sua profissão é o exercício da arte de enganar, de mentir. São falsos profetas. Posam de deuses, mas são pobres diabos, cuja única finalidade é infernizar nossas vidas. E pensam que são normais.
Não costumam produzir nada. Não mostram serviço. E quando o fazem, querem aplausos, como se não estivessem apenas cumprindo as suas obrigações. E acham que são normais.
Vivem no lixo moral. São menos que nada, mas acreditam tudo ser, ou ter, esquecidos que não são nada e não têm nada. As próprias roupas que vestem não são suas. São emprestadas pela vida. O tempo tudo transformará em pó, mas não sabem disso. E pensam que são normais.
Acreditam ser valentes. Não o são. Arrotam valentia, porque acreditam que o poder tudo pode. Um erro primário. E ainda pensam que são normais.





segunda-feira, 27 de setembro de 2010

FÉ E POLÍTICA


Entre as muitas coisas estranhas que podem o imaginário da humanidade, talvez nenhuma seja mais estranha que a fé. Tão estranha que fé e lógica podem tudo: menos andar juntas
A fé, por definição, é a crença, a confiança inabalável em outra pessoa, ente ou fenômeno. É também a primeira virtude teologal, é a adesão ou a ausência pessoal a D’us, seus desígnios e manifestações. É a firmeza na execução de uma promessa ou de compromisso.
Quando se mistura D’us, fé e política, o resultado é mais estranho, porque a fé, quando praticada em países excepcionais na sua formação racial como o Brasil, o resultado se torna incompreensível para os pais das religiões e deuses que cultuamos.
Assim é, que o sempre aprazível de ser lido, Roberto Campos, odiado pela esquerda, provavelmente pela humanidade do seu cérebro e pela clareza das suas ideias, diz em um de seus ensaios que, a “religiosidade brasileira é peculiar e funciona em fogo brando.”
Temos fé, no caso, fé católica, mais no sentido universal da palavra, que no sentido da religião cristã, o que nos faz acreditar também em santos, orixás e exus. Nossa ideia de pecado não é severa. E mesmo com toda a fé, escolhemos dos Dez Mandamentos, só os que nos interessam cumprir. O sexto e nono, evidentemente, nem nos passa pela cabeça cumpri-los. Melhor faríamos se abandonássemos a Tábua da Lei que assim, simplificada, ficaria reduzida a apenas oito mandamentos.
Nossa fé faz de D’us um bom sujeito. Alguém quase da família. A quem se toma um dinheiro emprestado, jurando por todos os juros que vai pagar - e com todos os juros. Claro que a nossa honestidade, nessa área, como bem o diz Campos, “é honestidade de jogador”.
A fé à brasileira ensina que D`us é um pai tolerante, muito ocupado em administrar o Universo, mas a quem pode se recorrer num aperto. E que há de nos perdoar sempre. A esse respeito, o poeta alemão Heine, talvez por francófilo, apreendeu esse sentido mais latino que germânico, ao dizer: “Deus me perdoará. É o seu ofício”.
A classe média é um primor. Jura lealdade ao papa, que é (quase) infalível. Mas não dispensa um bom terreiro, por precaução. Não dispensa, em alguns casos, até mesmo pitadas do misticismo oriental. Tudo é válido, quando se trata de sitiar o Céu.
Enquanto a fé católica é recheada de opulência e ostentação litúrgica, as seitas protestantes fizeram da rotinização do carisma o seu ganha pão, ou no caso de algumas delas, o seu ganha milhões... de dólares. E isso pela simples razão de que são mais práticas. Num certo sentido, lembram a umbanda, que permite um contato direto com os deuses da chuva. O pastor é um homem comum, que trata dos problemas mais imediatos de uma população riquíssima... em problemas. O resultado, é uma coleção de fiéis que aumenta dia a dia , juntamente com os saldos de suas contas bancárias. Mas, ao funcionário do sobrenatural, aplica-se o conselho de Max Weber: “aqueles que buscam a salvação das almas, a sua e a do próximo, não devem buscá-la nas avenidas da política”. Não dá certo. É mais fácil acreditar que um camelo passe pelo buraco de uma agulha, que água se misture ao óleo, e que políticos existam, sem falar a língua bifurcada da serpente.


quinta-feira, 23 de setembro de 2010

CURIOSIDADES BÍBLICAS

Não poucos livros tem sido escritos contendo dados interessantes, curiosidades, estatísticas e, pasmem, até mesmo erros de tradução ou de impressão da Bíblia. A primeira curiosidade é que o nome Bíblia não aparece uma única vez na Bíblia. O nome advém do grego Biblos, por causa da cidade fenícia de Biblos, um importante centro produtor de rolos de papiros, usados para fazer livros. Com o passar do tempo, o termo passou a significar “livro”. Bíblia é a forma plural (“livros”). A Bíblia, na verdade, é uma coleção de livros. Também é conhecida simplesmente como “o Livro” ou “o Livro dos Livros”.

Um outro fato que chama a atenção é que a Bíblia não diz nada a respeito de qual era a fruta da árvore do conhecimento do bem e do mal, que não devia ser comida por Adão (Adam, em hebraico, palavra que deriva de Adamah, a Terra) e Eva. Uma antiga tradição europeia diz que essa fruta seria a maçã. Em latim, a palavra “malum” significa tanto “maçã” como “mal”, o que pode, perfeitamente, ter originado essa tradição.
Surpreendentemente, se bem observarmos, veremos que a palavra “Deus” aparece em todos os livros da Bíblia, exceto em Ester e Cântico dos Cânticos. Por isso, muitos judeus e cristãos argumentavam e, eventualmente ainda podem argumentar que esses livros não fariam parte da Bíblia.
Sabe-se também que o texto mais antigo do Novo Testamento ainda existente, é um pedaço do Evangelho de João. Escrito em torno de 125 d.C., o fragmento contém partes de João, 18:31, incluindo a pergunta feita pelo quinto procurador da Judeia, o romano Pôncio Pilatos: “Você é o rei dos judeus?”
Porém, temos muitos mais fatos bíblicos extremamente curiosos do que podemos apresentar num simples e pequeno texto como este. Por exemplo: a pessoa que é mencionada mais vezes na Bíblia é Davi, cujo nome é citado 1.066 vezes na Nova Tradução da Linguagem de Hoje. O personagem bíblico mais ve-lho é Matusalém, que tinha 969 anos quando morreu, segundo o Gênesis 5:27. E o nome mais comprido da Bíblia é Maer-Salal-Hás-Baz (Isaías, 8:1, que significa “rápido para roubar e ligeiro para saquear”.
O detalhe mais que curioso, é que esse nome foi dado de forma simbólica pelo profeta Isaías a seu filho, para advertir o rei de que se os judeus fizessem um acordo com o Império Assírio, os assírios iriam invadir e tomar tudo o que quisessem.
Finalmente, o livro da Bíblia mais traduzido é o Evangelho de Marcos, talvez porque seja o mais curto dos quatro Evangelhos. Marcos pode ser encontrado em pelo menos 900 línguas.
Muito ainda há para ser conhecido e adequadamente divulgado sobre o que chamamos de fatos e curiosidades bíblicas. Faltam-me, porém, competência, talento e conhecimento para tanto. Mas, se este pequeno texto servir para ajudar pelo menos um leitor a pesquisar sobre esses fascinantes e curiosos episódios, já terá valido este esforço.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

A VISÃO, O OLHO E A CEGUEIRA

Visão, olho e cegueira, são coisas inerentes à vida animal. E à vida celestial também. Convém não esquecer que aquele que tudo pode, tudo vê, também.

Mas tenho lá minhas dúvidas. Se tudo vê, imagino que preferiria não ver. O panorama terrestre visto do Olimpo, não é cenário dos mais agradáveis de ser apreciado. Mas tem que ver. É obrigado a isso pela força do Seu destino. Deuses que nada vêem não costumam ser respeitados pelos mortais comuns, que fazem questão de ver milagres, demonstrações de força, efeitos pirotécnicos e outros que tais.
Lobsang Rampa escreveu A Terceira Visão. Não por querer ver demais, evidentemente. Supunha que o homem tivesse um olho místico ainda a ser desenvolvido.
Olhos, os temos de vários tipos. Olho de porco é olho de quem não encara ninguém. Olha sempre de soslaio. Diziam os antigos, não é olho de gente confiável. Olho de boi é um bom olho. Vale uma fortuna. Para quem entende de filatelia, claro. Olho do Céu é olho bom para se olhar. É montanha situada na Província de Hanngchow, na China. Um prazer para o olhar.
Visão é diferente. Na maioria das vezes, é apenas a capacidade de ver. Mas é algo mais também. É ver além do que existe para ser visto. Visões especiais são as visões celestiais, como as visões de Santa Tereza, as visões de São Bernardo, as visões da gruta da Iria, as visões dos profetas, as visões do Paraíso, as visões de D’us. Mas, junto com o olho e a visão, vem a cegueira da morte. A morte nos cega para a vida, assim como a miséria nos cega para a vida com qualidade. A cegueira nos impede de ver as cores, as coisas, os animais da terra, da água e dos céus. Impede-nos de ver o rosto dos amigos queridos, aqueles de verdade e o da mulher amada, que todos as temos.
Mas, como tudo na vida, a cegueira tem o seu lado bom, porque nos impede a visão do lado sujo da vida. Impede-nos de ver lixo nas ruas, nos bares, nos lares e nas repartições públicas. Nesses lugares costuma reproduzir-se sem cessar, o pior de todos os lixos, aquele que não se biodegrada, mas degrada a nós que estamos do lado de cá do balcão: o lixo humano, que este, é preferível não vê-lo. O lixo humano está presente nos seres destituídos de compaixão para com o próximo; está junto dos que têm ódio no coração; faz parte dos que falam a língua bifurcada da serpente, dos mentirosos, dos mistificadores, dos aduladores, dos falsificadores. O lixo humano está presente na estrutura mental de todo aquele que acha que roubar é normal, que vilipendiar é correto, que desrespeitar a vida faz de cada um, um ser mais forte que o outro.
No mundo da política, pelo visto, temos feito a opção preferencial por não ver nada, daí os espécimes que elegemos a cada quatro anos.
Dizem que em terra de cego, quem tem um olho é rei. Errado. Em terra de cego, quem tem um olho, é caolho, mesmo.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

OS MENINOS DO BRASIL

As crianças do Brasil estão de luto. Cobrem-se de negro e choram a falta de seus irmãos, que foram para lugares distantes em busca do que seus pais e seu país não lhes deram.
As crianças do Brasil estão com os olhos úmidos. Sentem a falta dos meninos do Brasil, que foram ser meninos de outras terras, de onde jamais retornarão. Pelo menos não retornarão por inteiro.
Chorem crianças, do Brasil. Esvaiam-se em lágrimas e gritem a sua dor, para que governantes surdos possam ouvir o clamor que parte de seus corações partidos de tanto sofrer, de tanto gemer, de tanto sentir fome, sede e saudade.
Pobres meninos do Brasil que se foram para só retornar, quando ianques selvagens os despirem de toda a sua condição humana, e os devolverem como mercadoria inservível, por apresentar defeito de fabricação.
Chorem e se desesperem mães dos meninos do Brasil, tão sós, tão sofridos, tão brasileiros em terras anglo-saxãs. Voltem à mãe-pátria que não os quis e não os quer. Venham expor as feridas de suas almas, dilaceradas pela perda da própria nacionalidade, para que possam servir, pelo menos, para evitar que outras crianças do Brasil deixem de ser brasileiras, deixem de ter pátria, deixem de ser alguém para se tornarem ninguém.
Retornem, crianças do Brasil. Vagueiem seus corpos zumbis nos aeroportos modernos dos ricos do Brasil. Durmam nos bancos das praças. Sintam n'alma o frio da desgraça e chorem por nós. Nós que sequer tivemos ou temos, a capacidade de chorar por vocês que eram o nosso amanhã. Talvez ainda sejam o nosso amanhã. Mas será um amanhã bem triste. Eu prometo. Nós Prometemos. Eles prometem.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

CONTRADIÇÕES

O ser humano, antes de mais nada, é um ser extremamente contraditório. Vejamos por exemplo, o que fez Adamat, o primeiro homem segundo a Bíblia. Vivendo e morando no Jardim do Éden e tendo a possibilidade da vida eterna, insatisfeito, decidiu optar pela finitude própria*, pelo castigo de trabalhar todos os dias para poder comer o pão que o diabo amassou, muito embora não esteja escrito em lugar algum, que o diabo tenha sido padeiro algum dia.**

Outro homem, este muito importante mas extremamente contraditório, foi o rei hebreu Salomão, cognominado o mais sábio dos homens. Até onde vai o meu analfabetismo explícito, não me consta que sábios matem ou ordenem a morte de irmãos ou demais parentes que possam de algum modo, atrapalhar seu caminho em direção a um eventual trono. E foi exatamente o que fez ou mandou fazer Salomão, até que não mais restasse ninguém que se interpusesse em seu desejo de ser rei de Israel.
Caim, filho de Adão, é outro exemplo de contradição. Irmão de Abel, permitiu que a inveja dominasse seu coração e por isso matou seu frater. Nessa época, tempo em que os homens falavam com D’us ao vivo e em cores, Caim perdeu esse privilégio, foi amaldiçoado pelo próprio Senhor dos Exércitos, escorraçado do lugar em que vivia, e condenado a perambular pela planeta dos homens, sem ter um amigo, sem ter um lugar onde pudesse a fronte pousar, exposto ao tempo e ao vento, padecendo os maiores tormentos, fugitivo dos homens na paz, e também da morte na guerra, como bem poderia ter dito Gonçalves Dias em seu I-Juca-Pirama. E tudo isso apenas por ser um homem pleno de contradições.
Moisés é outro exemplo de como os homens podem pagar um preço alto demais por serem contraditórios em seu modo de ser. Após receber das mãos do próprio Senhor de tudo o que há, as Tábuas da Lei, também conhecidas como Os Dez Mandamentos, foi o primeiro a contrariar o artigo que diz: “Não matarás”. A ordem é simples e direta, sem subterfúgios ou tergiversações. Diz apenas, não matarás. E foi isso, exatamente que fez o próprio Moisés ao descer do alto do Monte Sinai, lugar de seu encontro com D’us, ao mandar passar a fio de espada algo em torno de 3.000 homens que fize-ram e adoraram o Bezerro de Ouro, durante sua ausência, descrentes de D’us e dos homens. Por causa disso, Moisés pagou o preço de não pisar na Terra Prometida, passando a Josué seu cajado e avistando a terra de Israel apenas de longe. Além disso, seu povo foi condenado a vagar durante 40 anos pelo deserto, até que toda aquela geração fosse extinta. Um preço alto demais apenas por causa do espírito contraditório de um homem da mais alta importância para toda a história do homem ocidental.
A lista é interminável. Hitler, que deu o pontapé inicial na Segunda Guerra Mundial, mandou que fossem exterminados em fornos crematórios e outras formas de execução em massa, pelo menos seis milhões de judeus. O problema é que, além da monstruosidade do crime praticado em nome da raça ariana ou germânica, Hitler não era alemão, era austríaco. E, segundo afirmam diversos historiadores, tinha remota ascendência judaica.
Finalmente, para não cansar muito meus eventuais leitores, muitas pessoas, tendo a possibilidade de serem livres, tornam-se prisioneiras de si mesmas ou de outrens por vontade própria porque, como dizia Nietsche, “chegam à convicção fundamental de que têm de ser comandadas, e por causa disso, tornam-se “crentes”. “Inversamente, pode-se imaginar um prazer e força na autodeterminação, uma liberdade da vontade, em que um espírito se despede de toda crença, todo desejo de certeza, treinado que é em se equilibrar sobre tênues cordas e possibilidades e em dançar até mesmo à beira de abismos. Um tal espírito seria o espírito livre por excelência.”
PS. * Adão, ao optar pela própria finitude, condenou todos os seus descendentes a serem finitos “ad infinitum”, assim como condenou à morte, toda e qualquer forma de vida.
** A parte boa dessa história é que Adão, ao comer do fruto proibido, cometeu o mais doce dos pecados.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

A PRIMEIRA PEDRA

Quando os escribas e fariseus trouxeram à presença de Jesus uma mulher surpreendida em adultério e querendo castigá-la condenando-a à morte por apedrejamento, conforme mandava a lei da época. O Rabi, que escrevia alguma coisa com o dedo sobre a terra, perguntaram-lhe o que diria sobre o fato. Ele, que estava inclinado, levantou-se respondendo-lhes de maneira simples e direta: “Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire pedra.” E tornando a inclinar-se, continuou a escrever no chão. Assim está escrito no Evangelho de João, 8:3-11. É claro que no fundo, o que desejavam era acusá-lo de desejar o mal de alguém. Mas o Rabi estava acima e além dessas coisas odiosas, típicas do ser humano. E eles, ouvindo a resposta do Filho do Homem e acusados pela própria consciência foram-se retirando um a um a começar pelos mais velhos.E então, erguendo-se e vendo que apenas a mulher ainda estava ali perguntou-lhe: “Onde estão os teus acusadores, ninguém te condenou?” Ao que ela respondeu: “Ninguém, Senhor.” E então disse-lhe Jesus: “Nem Eu tampouco te condeno; vai e não peques mais.” O Amapá está de luto moral. Dirigentes políticos, agentes públicos e empresários estão sendo acusados por instituições respeitáveis como a Polícia Federal e o Suerior Tribunal de Justiça de diversas irregularidades na administração da coisa pública. Culpados ou não, neste primeiro momento não nos cabe julgá-los e muito menos condená-los à execração pública ou à morte política. Primeiro porque somente após o julgamento e a condenação pelas instâncias judiciárias adequadas é que poderão ser chamados, realmente, de culpados. Segundo, porque muitos dos opositores aos atuais detidos têm ou tiveram suas próprias culpas no cartório, como se dizia antigamente, portanto não podem posar de seres de pureza angelical. E, finalmente, atire a primeira pedra quem jamais pecou.
É claro que a notícia é terrível. O Amapá ostenta no seu currículo a sina de ser o segundo em toda a história da República a aparecer no noticiário nacional com notícias negativas desse porte. Fomos o segundo estado federado a ter um senador cassado, no caso por compra de votos. O primeiro foi um senador carioca cassado por falta de decoro parlamentar. A acusação: foi fotografado vestindo smoking, meias, sapatos e cueca “samba canção”. Detalhe: estava dentro do seu apartamento, vestindo-se para ir ao Senado, então no Rio de Janeiro, ao tempo em que a Cidade Maravilhosa era ainda a capital da República. O que ocorreu foi que um fotógrafo da antiga revista O Cruzeiro, amigo do senador, fotografou-o e publicou a foto.
Agora, o Amapá é o segundo estado da federação a ter um governador preso, acusado de irregularidades diversas. O primeiro, como todos sabem, foi o ex-govermador de Brasília, José Roberto Arruda. Que D'us Onipotente tenha piedade de nós, porque se assim não for, estaremos irremediavelmente perdidos, na medida em que, pelo andar da carruagem, chegará ao ponto de nem ao bispo podermos recorrer.De qualquer modo, sem amenizar a culpa de quem quer que seja, atire a primeira pedra aquele que nunca pecou.


quinta-feira, 9 de setembro de 2010

COM A CORDA NO PESCOÇO

Vivia com a corda no pescoço. Era uma ilha, cercado de dívidas e problemas por todos os lados. Às vezes, desespe-rado, pensava em se matar, mas depois pensava na mulher - aquela megera que adquirira a obrigação de cuidar - e nos filhos que estes, sim, tinha a santa obrigação de cuidar e zelar. Não haviam pedido para nascer. Cabia-lhe portanto, o dever de dar-lhes comida, abrigo e segurança. Mas a vida pode ser muito cruel, como descobriria depois.

Um dia, sua crença no Deus de bondade em quem sempre crera foi abalada. Não entremos nos detalhes sórdidos. Não vale a pena. De certo, mesmo, é que aquela fé inabalável foi sacudida de alto a baixo. Não é que a mulher esquálida, desgrenhada, mal humorada, que vivia porque Deus a incumbira de atormentar-lhe a vida, o corneara. Sim, senhor, com direito a dois pontos: o corneara.
Azar nunca vem sozinho. Desgraça pouca, é bobagem e navio afundado, bem carregado - e no largo, dizia-lhe sempre o vizinho sarcástico que morava ao lado. Vai ver que o “disgramado” sabia de tudo. E espalhara a notícia. Agora entendia porque riam à sua passagem. Passou anos acreditando que era mera coincidência. Afinal de contas, não tinha nada que causasse risos. Quando muito, ar de comiseração. Sentiu-se traído. Não pelos homens. A traição é inerente aos homens. Mas pelo Todo Poderoso. Como Deus pudera fazer-lhe aquilo? Perguntava-se noite e dia. Foi quando notou a filha querida com ar estranho. Ar de culpada. Culpada de quê?, angustiava-se. Seu anjinho - apenas 14 anos - não tinha pecados, logo não podia ostentar com doce resignação, aquele ar tão culpado. Entendeu tudo quando, desfalecida, foi levada ao Pronto Socorro Municipal. O anjinho, além de grávida, tomara veneno. Chumbinho, para ser mais exato.
Anjinho foi enterrada às cinco da tarde, sob uma chuva fininha. Com ela, seu pai, agora finado, foi enterrado também. A dor fora grande demais para ele. Tristonho, depois de voltar do hospital onde a filha dera o último suspiro, matou-se do único modo como poderia: com a corda no pescoço. Afinal, vivera tanto tempo com ela que, até por uma questão de justiça, sentia-se na obrigação de morrer com ela.
Dizem que uma constelação de apenas três estrelas, que às vezes se vê no firmamento quando a carga de sofrimento é pesada demais e os joelhos vergam sob o peso da vida, são o anjinho, o pai amado e o filho que não chegou a nascer. Se mostram para alguns, na espe-rança de que venham fazer-lhes companhia. As estrelas, para quem não sabe, às vezes se sentem sozinhas demais.

sábado, 4 de setembro de 2010

DESIDERATA


Este texto, evidentemente, não é meu mas, pela beleza e sabedoria que mostra, creio ser meu dever torná-lo um pouco mais conhecido, para que todos possamos compreender que a felicidade reside dentro de nós e implica no reconhecimento de que sempre haverá alguém acima de nós e abaixo, também. Exceto D'us, que não tem nada e nem ninguém acima dele, todos somos iguais. E como é difícil a compreensão desse fato tão simples, por causa da nossa infinita arrogãncia.

DESIDERATA

Siga tranqüilamente entre a inquietude e a pressa, lembrando-se de que há sempre paz no silêncio.
Tanto quanto possível sem humilhar-se, mantenha-se em harmonia com todos que o cercam.
Fale a sua verdade, clara e mansamente.
Escute a verdade dos outros, pois eles também têm a sua própria história.
Evite as pessoas agitadas e agressivas: elas afligem o nosso espírito.
Não se compare aos demais, olhando as pessoas como superiores ou inferiores a você: isso o tornaria superficial e amargo.
Viva intensamente os seus ideais e o que você já conseguiu realizar.
Mantenha o interesse no seu trabalho, por mais humilde que seja, ele é um verdadeiro tesouro na continua mudança dos tempos.
Seja prudente em tudo o que fizer, porque o mundo está cheio de armadilhas.
Mas não fique cego para o bem que sempre existe.
Em toda parte, a vida está cheia de heroísmo.
Seja você mesmo.
Sobretudo, não simule afeição e não transforme o amor numa brincadeira, pois, no meio de tanta aridez, ele é perene como a relva.
Aceite, com carinho, o conselho dos mais velhos e seja compreensivo com os impulsos inovadores da juventude.
Cultive a força do espírito e você estará preparado para enfrentar as surpresas da sorte adversa.
Não se desespere com perigos imaginários: muitos temores têm sua origem no cansaço e na solidão.
Ao lado de uma sadia disciplina conserve, para consigo mesmo, uma imensa bondade.
Você é filho do universo, irmão das estrelas e árvores, você merece estar aqui e, mesmo se você não pode perceber, a terra e o universo vão cumprindo o seu destino.
Procure, pois, estar em paz com Deus, seja qual for o nome que você lhe der.
No meio do seu trabalho e nas aspirações, na fatigante jornada pela vida, conserve, no mais profundo do seu ser, a harmonia e a paz.
Acima de toda mesquinhez, falsidade e desengano, o mundo ainda é bonito.
Caminhe com cuidado, faça tudo para ser feliz e partilhe com os outros a sua felicidade".

DESIDERATA - Do Latim Desideratu: Aquilo que se deseja, aspiração.

Este texto foi encontrado na velha Igreja de Saint Paul, Baltimore, datado de 1692.














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PIADA DO ANO

Um dia, Deus, muito insatisfeito com a humanidade e os seus pecados, > decidiu pôr fim a tudo.
Deus reuniu então todos os líderes mundiais para comunicar-lhes pessoalmente sua decisão de acabar com a humanidade em 24 horas.
Deus disse: "Reuni-vos aqui para comunicar que extinguirei a humanidade em 24 horas".
E o povo dizia:"Mas, Senhor..."
Nada de MAS, este é o limite, a humanidade vai abandonar a Terra para todo o sempre!
Portanto, voltem aos SEUS respectivos países e digam ao povo que estejam preparados. Têm 24 horas!
O primeiro a reunir o povo foi OBAMA.
Em Washington, através de uma mensagem à nação, OBAMA disse: "Americanos, tenho uma boa notícia e uma má notícia para dar.
A boa notícia é que Deus existe e que ele falou comigo". Mas, claro, já sabíamos disso.
A má notícia é que esta grande Nação, o nosso grande Sonho, só tem 24 horas de existência. Este é o desejo de Deus".
Fidel Castro reuniu todos os cubanos e disse:
"Camaradas, povo Cubano, tenho duas más notícias.
A primeira é que Deus existe... sim, eu vi-o, estava mesmo à minha frente!!!
Estive enganado este tempo todo...
A segunda má notícia é que em 24 horas esta magnífica Revolução pela qual tanto temos lutado, vai deixar de existir."
Finalmente, no Brasil, Lula dá uma conferência de imprensa:
"Brasileiros, hoje é um dia muito especial para todos nós. Tenho duas boas notícias.
A primeira boa notícia é que eu sou um enviado de Deus, um mensageiro, porque conversei com ele pessoalmente.
A segunda boa notícia é que, conforme constava do Programa do Governo, em apenas em 24 horas, serão erradicados para sempre o desemprego, o analfabetismo, o tráfico de drogas, a corrupção, a pedofilia, os problemas de transporte, água e luz, habitação, de burocracia, e, o mais espectacular de tudo: todos os impostos vão acabar, assim como a miséria e a pobreza neste País!! É o Governo cumprindo tudo o que prometeu!!!"


sexta-feira, 3 de setembro de 2010

DO JUSTO E DO INJUSTO

Quem nos deu o sentimento do justo e do injusto? Os crentes afirmam que foi D’us, que nos deu um cérebro e, digamos assim, um coração. Mas, - e essas são as perguntas que mais afligem o pensador - quando a sua razão lhe ensina que há vício e virtude? O conhecimento inato não existe, pela mesma razão que não há árvore que produza folha e frutos ao sair da terra. Dizia Voltaire que, “o que se chama inato não é nada, isto é, não nasceu desenvolvido e que D’us nos faz nascer com órgãos que, à medida que crescem, nos fazem sentir tudo o que nossa espécie deve sentir para a conservação dessa mesma espécie.”
A outra pergunta que se faz absolutamente necessária é: De que modo se opera esse estranho mistério? Quem de responder há? Os africanos, os americanos do norte, os asiáticos, Cícero, Platão, Epicteto, o homem simples e rude, a cortesã, a mulher índia, o bravo guerreiro, o covarde assumido, quem, quem, quem? Responda quem souber a tão intrigante questão. A verdade é que todos sentimos que é melhor ajudar os necessitados que cegá-los ou tomar o pouco que têm, principalmente quando se tem muito. Acreditamos todos que isso é justo. É essa a noção que temos do justo. Sabemos, também, que um benefício é mais honesto e honroso que um ultraje, que a brandura é preferível à exaltação. Disso sabemos como que instintivamente.
O mesmo Voltaire dizia que, “basta nos servirmos da razão para discernir os matizes do honesto e do desonesto.” O mal e o bem, muitas vezes são vizinhos; nossas paixões os confundem. Quem nos há de esclarecer? A resposta é simples: nós mesmos. Isso, evidentemente se nossa estrutura interna, mental, espiritual e emocional for do bem. Quem, em qualquer momento e em qualquer parte do mundo escreveu sobre nossos deveres, escreveu com sua razão, com bom senso. Sócrates, Epicuro, Confúcio, Lao-Tsé, Marco Antonino ou Amurat II tiveram a mesma moral. Na verdade, precisamos nos convencer, e a Igreja que me perdoe, a moral é uma coisa que vem de D’us; os dogmas, diferentemente, vêm de nós.
Apenas como exemplo, e esse não poderia ser melhor, “Jesus não ensinou nenhum dogma metafísico; não escreveu cadernos teológicos; não disse: “Sou consubstancial; tenho duas vontades e duas naturezas numa só pessoa.” Séculos depois, coube aos franciscanos e aos dominicanos que chegariam 1.200 anos depois dele, a tarefa de argumentar para saber se sua mãe foi concebida sem o pecado original. Jesus nunca disse que o casamento é o sinal visível de uma coisa invisível; não instituiu monges nem inquisidores, nada ordenou do que vemos hoje”, ensina François-Marie Arouet, também conhecido como Voltaire.
D’us nos deu noção e mais que isso, perfeita compreensão do que é justo e injusto. D’us não mudou e não pode mudar. De nada adianta usar distinções de qualquer natureza, mesmo as teológicas, para perseguições fundamentadas em dogmas. A natureza se revolta contra essas coisas e clama, tal qual a sabedoria, “Sejam justos e não sofistas perseguidores.”
No compêndio das Leis de Zoroastro, também chamado Zaratustra, pode-se ler esta sábia máxima: “Quando estás em dúvida se uma ação que te é proposta é justa ou injusta, abstém-te.”
E aos “donos da vida”, os poderosos, os arrogantes, os que se embriagam de álcool e de poder que não esqueçam: “Não matarás”; “Não adulterarás”; “Não furtarás”; “Não dirás falso testemunho contra o teu proximo”, porque assim é que deve ser e porque assim está escrito. E assim será feito, porque a mão de D’us Todo Poderoso não perdoará os que usam a límgua bifurcada da serpente e nem os que praticam atos que contrariam a justiça. A verdadeira.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

QUANDO A JUSTIÇA BEBE

Havia outrora, provavelmente situado muito além das brumas de Avalon, um país que atendia pelo pitoresco nome de Mamolândia. Era um país abençoado pelos deuses e bonito por natureza, conforme cantavam os menestréis e trovadores da época.

Seus vales verdejantes, suas florestas riquíssima, suas montanhas fartas de minérios, seus rios piscosos e seu povo pacífico, mostravam bem do agrado e de quanto os deuses olhavam com bons olhos, essa terra onde o leite e o mel jorravam com abundância.
Mamolândia tinha dois ícones sagrados: um, a Justiça, que era representada por u’a mulher negra, com os olhos abertos e as mãos estendidas. Uma distribuía a justiça tão necessária na terra dos homens. A outra distribuía bênçãos ao seu povo querido.
O outro ícone adorado pelos felizes habitantes de Mamolândia, era a Grande Vaca Sagrada. Possuía saúde de vaca holandesa premiada em exposição. Tetas opulentas esguichavam leite tipo “A”, distribuído a cântaros aos “mamolandenses”. A Grande Vaca Sagrada, que dera origem ao interessante nome daquele país distante, tal qual a loba que alimentara Rômulo e Remo, alimentava seu povo com o leite sagrado, fazendo-o forte, varonil e justo.
Eis porém que um dia, a serpente - sempre ela -, cheia de inveja, travestida de Baco, visitou a Justiça. E tanto falou das virtudes do vinho que esta, seduzida, bebeu. E em bebendo, embriagou-se. Embriagou-se de álcool, de arrogância, de vaidade, de empáfia, de poder pôr e dispor ao seu bel prazer.
E em mudando a Justiça, mudou também a Grande Vaca Sagrada, que passou a selecionar os que podiam ou não mamar-lhe as generosas tetas. A consequência, previsível, foi que os fracos, foram ficando cada vez mais fracos e os fortes cada vez mais fortes.
Foram criadas então, as duas grandes castas que ainda subsistem naquela hoje indigente terra: os grandes mamadores e os ou-tros. Estes atendem pelo nome de povo, que, como vingança, a última que lhe restava, passou a chamar o outrora ícone sagrado, pelo depreciativo nome de governo.
A Justiça ainda existe, também. Só que mudou de cor - tornou-se branca. Possivelmente de vergonha. Pobre Mamolândia, a que era feliz e não sabia.
Soube-se muito tempo depois da tragédia consumada que a serpente era também co-nhecida no seu mais íntimo círculo de amigos, pelo curioso nome de política.
Estas são as trágicas consequências que ocorrem, quando a Justiça bebe.