sábado, 29 de agosto de 2009

J'ACCUSE...!

É de todos - ou quase - conhecida a expressão francesa J'accuse (Eu acuso), título do artigo, mais que isso, um libelo contra a condenação do oficial do Exército francês, Capitão Alfred Dreyfus, pelo crime de alta traição contra a França. A verdade, é que todo o Estado Maior do Exército francês mentiu e conspirou contra Dreyfus, para livrar da condenação, o verdadeiro culpado, o Major Conde Ferdinand Walsin-Esterhazy, que ao fim, acabou confessando sua culpa. Conforme ficou provado posteriormente, Dreyfus era inocente, tanto que após provada sua inocência, foi reintegrado ao Exército no posto de “Chef d’escadron” (Chefe de Esquadrão), sendo-lhe concedida a mais alta condecoração francesa, ou seja, recebeu o título de Cavaleiro da Legião de Honra concedida pelo Presidente da República da França, representado, na ocasião, pelo general de Brigada Gillain.
Muitos foram os que lutaram pela prova da inocência de Dreyfus, como seu irmão MathieuDreyfus, o advogado Edgard Demange e até mesmo o Primeiro-Ministro Clemanceau, porém, o mais importante de todos, foi o escritor Émile Zola, que publicou seu manifesto J’Accuse, no jornal L’Aurore, edição de 13 de Janeiro de 1898, sob a forma de uma carta ao Presidente Félix Faure.
Poucos sabem, também, que no dia seguinte à execução da sentença de degradação de Dreyfus, o grande cuasídico brasileiro Rui Barbosa, escreveu de seu exílio em Londres “Que faculdade sobre-humana deu àquele homem energia suficiente bastante para sobreviver às emoções incomportáveis dessa provação. Narram as testemunhas atentas ao suplício, que o executado não empalideceu nunca. Os passos não lhe vacilaram. Não lhe tremeu a voz. A cabeça esteve-lhe sempre ereta. E ainda que apupado pela multidão, por seus colegas de farda, execrado por todos e vítima do preconceito francês e europeu contra os semitas, pois já, naquela época, eram dados os primeiros passos do holocausto judeu nas mãos dos alemães, durante a Segunda Guerra Mundial, quando foram mortos mais de seis milhões dos descendentes de Sem, nos campos de concentração da Alemanha, Rússia, Polôna, Áustria, Tchecoslováquia e outros países, tanto da Europa Central, quanto da Europa Oriental. Até mesmo em algumas nações da Europa Ocidental, os judeus foram - e ainda são - vítimas de discrimnação.
Eu tambem, mesmo a milhas de distância da competência e valor de Émile Zola, acuso a classe política brasileira, seja a que atua no Legislativo quanto no Executivo e até mesmo alguns integrantes do outrora sacrossanto Judiciário brasileiro, salvo as exceções que sempre as há, de não terem a postura de um Capitão Dreyfus; de não poderem andar de cabeça erguida, de não poderem bradar como bradou o Capitão Alfred Dreyfus: “Sou inocente. Viva a França”. Quero vê-los, senhores donos do poder, bradar também, de cabeça erguida, no meio deste festival de escândalos que assola toda a República Brasileira: “Somos inocentes. Viva o Brasil.”