segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

UM ASSALTO DIFERENTE

A manchete estava lá, na tela do computador. A internet tem dessas vantagens, para quem é bisbilhoteiro profissional, também conhecido na roda dos que se levam demasiadamente a sério como jornalistas. “Gangue de palhaços assalta bar no Reino Unido”, dizia o título da matéria. A fonte era mais que fidedigna: - a própria Reuters, em Londres, dava deta-lhes do assunto.

“A polícia da cidade de Manchester, no norte da Inglaterra, buscava informações que a levasse a uma gangue de palhaços que assaltou um bar do município.”
Três homens vestidos com fantasias de palhaços, algemaram um gerente e o ameaçaram com uma arma e uma faca antes de escapar com “uma pequena quantidade de dinheiro.” “Essa é uma equipe altamente organizada, que obviamente gastou um bom tempo planejando o assalto”, disse em um comunicado o detetive Darren Shenton. “A gangue fugiu em uma van, e escapou de uma perseguição policial, mesmo se envolvendo em três acidentes no caminho.”
É verdade, no Brasil somos diferentes. Para um assalto bem sucedido, primeiro é preciso se eleger para um cargo qualquer. Depois, é necessário que o cofre seja bem gordo. Mais ou menos no modelito ‘porquinho’ da vovó. É fundamental que o acusado de praticar o furto, desvio, estelionato ou que outro nome se queira dar, alegue inocência até à morte. Se, além de jurar inocência e for acusado depois de cumprido o mandato, é conveniente que diga ser um reles desempregado. É preciso que se leve o eleitor, digo, o leitor às lágrimas. Quem sabe, uma peninha aqui, um pingo de piedade acolá, não se dá um novo cargo eletivo ao acusado? No Brasil, afinal de contas, tudo é possível.
A propósito, mais uma diferença importante entre o povo tupiniquim e os bretões: lá, os palhaços são assaltantes. Aqui, assaltados.