terça-feira, 31 de agosto de 2010

Pai Nosso - Uma possível tradução do aramaico

Lembro que há algum tempo escrevi um texto baseado na mais bela oração que Yeshuah (Jesus) pronunciou ao tempo em que viveu no planeta dos homens. Intitulei-a PATER NOSTER (Pai Nosso, em latim) porque, até onde sei, e sei muito pouco, ressalve-se, Jesus falava pelo menos quatro idiomas a saber: aramaico ou arameu, porque era sua língua natal; hebraico ou hebreu, porque judeu; latim, para se comunicar com a soldadesca romana e, finalmente, grego, porque era a língua adotada pelos mercadores e pela elite da época. É bom lembrar que, até o início do século XX, no Brasil, as elites só falavam entre si em francês. O português era reservado apenas para a comunicação com a plebe.
E procurando atentamente em meus alfarrábios, foi que descobri, já empoeirado e um tanto carcomido pelo tempo, a possível tradução do Pai Nosso em aramaico, a língua natal do Mestre. Pela beleza do texto e pela magnitude dessa oração literalmente divina, decidi reproduzi-la neste espaço para deleite de meus seis leitores.
Que o E-terno os abençoe sempre, onde quer que estejam sobre a face de Adamah (a Terra), e agora, vamos a essa belíssima oração. Shalom!

ABBA (Pai no sentido carinhoso, paizinho)


“Ó Força Procriadora! Pai-mãe do Cosmos,
Focaliza Tua Luz dentro de nós, tornando-A útil.
Cria teu reino de Unidade, agora-
O Teu desejo Uno atue então com o nosso,
Assim como em toda luz
E em todas as formas.
Dá-nos todos os dias o que necessitamos
Em pão e entendimento.
Desfaz os laços dos erros que nos prendem,
Assim como nós soltamos as amarras
Com que aprisionamos
A culpa dos nossos irmãos.
Não permitas que as coisas superficiais nos iludam
Mas libera-nos de tudo o que nos detém.
De Ti nasce toda vontade reinante,
O poder e a força viva da ação,
A canção que se renova de idade
Em idade e a tudo embeleza.
Verdadeiramente - poder a esta declaração - Que possa ser o solo do qual crescem
Todas as minhas ações. Amém.”


Luz, Paz e Harmonia para sua vida.

COM A DIGNIDADE DE UM CACHORRO

O grande amor não existe. Acontece. E quando acontece, é para ser vivido. Não precisa ser analisado, pensado ou casado. Principalmente casado.
O grande amor, para ser grande não pode dar certo. Se der certo, é porque não era tão grande assim. Deve sim, ser sentido ao som do Oratório de Handel. Hallelujah. Jamais ao som da marcha nupcial, de Wagner. O casamento é o túmulo do amor. Esposas, as legítimas, as de antigamente, de papel passado e pilares da moral local, não existem para serem amadas apaixonadamente. São virtuosas demais. É impossí-vel perder-se de amor por uma mulher virtuosa. Daquelas que vão diariamente à missa das sete.
O prazer da vida está no pecado. A virtude não tem a menor graça. Amém, dizem as vozes do último círculo do Inferno. Que seria do amor de Romeu se casasse com Julieta? Tristão e Isolda, Dante e Biza, Abelardo e Heloísa. Que seria da lenda? Nada, absolutamente nada. A paixão teria, provavelmente, terminado num tanque cheios de fraldas para lavar. Tanques de lavar roupa e paixão não têm nada a ver. Paixão, a de verdade, é para ser sentida e vista através de vapores alcoólicos.
O bom amante, o apaixonado alucinado por sua paixão, o que se consome na ausência do corpo desejado, bebe na esquina da casa da mulher amada, idolatrada, salve, salve. Para vê-la sair com um e voltar como outro na fria madrugada, gelada como um coração ciumento.
Nessas ocasiões, sente-se morrer. Garçon, traz mais uma, grita desesperado, consumido pelo ciúme atroz. Bebe até cair na vala. Boteco ou bodega que se preze tem uma vala na frente. Menos pela incompetência do alcáide, e mais para que amantes frustrados, desesperados, consumidos de dor, possam cair na vala comum do desespero e do desejo amoroso.
Mas a felicidade existe. E felicidade, é ouvir o próprio nome, pronunciado docemente pela traidora do seu amor, dos seus sonhos, ilusões e desilusões. E então se levanta. Tenta desamarrotar a própria roupa. E vai ao encontro dela, com a dignidade de um cachorro feliz, balançando o rabo.