terça-feira, 15 de junho de 2010

O TEMPORA! O MORES!

Há mais de 2000 anos, foi o cônsul e também pensador romano, Marcus Tullius Cicero, tido como o maior orador de todos os tempos, quem disse a frase “O tempora! O! mores!” (Ó tempos! Ó costumes!), bradando no Senado contra o ge-neral conjurador Lucius Sergius Catilina, que ameaçava Roma, o coração do Império, com suas legiões. E na esteira da frase imortal completava: “Quousque tandem, abutere, Catilina, patientia nostra...?”, ou seja, “Até quando, Catilina, abusarás da nossa paciência...?
Essa é a pergunta que fazemos nós, por causa desses estranhos tempos e costumes que vivemos. Até quando os fichas sujas da política abusarão da nossa paciência? Até quando, nós, o povo brasileiro, venderemos a nossa dignidade por causa de meia dúzia de telhas, uma carrada de terra, uma receita atendida ou um prato de comida, dados como esmola, a cidadãos que só querem trabalhar com dignidade? Convém não esquecer que, como dizia o cantor e compositor nordestino Luiz Gonzaga, “mas doutor uma esmola, para um homem que é são, ou lhe mata de vergonha, ou vicia o cidadão...”
Até quando, receberemos por favor, aquilo que nos é de direito? Até quando, a ignomínia prevalecerá em nosso meio, permitindo que o Erário continue sendo saqueado desde sempre?
Por isso, é mais que boa, é excelente a notícia de que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), enfim, colocou rédeas curtas nos canditados a cargos eletivos que possuem fichas sujas. Esperamos, do fundo do coração, que essa Lei da Ficha Limpa valha, realmente, para as eleições deste ano. Enquanto vivermos só de promessas de que, no futuro, de preferência o mais longínquo possível, as coisas mudarão para melhor, jamais chegaremos a lugar algum. A moralidade pública exige que a ética na política seja restaurada, já, e para sempre, para que nossos filhos e os filhos de nossos filhos jamais precisem baixar a cabeça, envergonhados, porque elegeram, e o que é pior, reelegeram, aqueles cujo destino mais adequado seria o cesto de lixo da história.