quarta-feira, 15 de setembro de 2010

OS MENINOS DO BRASIL

As crianças do Brasil estão de luto. Cobrem-se de negro e choram a falta de seus irmãos, que foram para lugares distantes em busca do que seus pais e seu país não lhes deram.
As crianças do Brasil estão com os olhos úmidos. Sentem a falta dos meninos do Brasil, que foram ser meninos de outras terras, de onde jamais retornarão. Pelo menos não retornarão por inteiro.
Chorem crianças, do Brasil. Esvaiam-se em lágrimas e gritem a sua dor, para que governantes surdos possam ouvir o clamor que parte de seus corações partidos de tanto sofrer, de tanto gemer, de tanto sentir fome, sede e saudade.
Pobres meninos do Brasil que se foram para só retornar, quando ianques selvagens os despirem de toda a sua condição humana, e os devolverem como mercadoria inservível, por apresentar defeito de fabricação.
Chorem e se desesperem mães dos meninos do Brasil, tão sós, tão sofridos, tão brasileiros em terras anglo-saxãs. Voltem à mãe-pátria que não os quis e não os quer. Venham expor as feridas de suas almas, dilaceradas pela perda da própria nacionalidade, para que possam servir, pelo menos, para evitar que outras crianças do Brasil deixem de ser brasileiras, deixem de ter pátria, deixem de ser alguém para se tornarem ninguém.
Retornem, crianças do Brasil. Vagueiem seus corpos zumbis nos aeroportos modernos dos ricos do Brasil. Durmam nos bancos das praças. Sintam n'alma o frio da desgraça e chorem por nós. Nós que sequer tivemos ou temos, a capacidade de chorar por vocês que eram o nosso amanhã. Talvez ainda sejam o nosso amanhã. Mas será um amanhã bem triste. Eu prometo. Nós Prometemos. Eles prometem.