quarta-feira, 30 de junho de 2010

FALANDO DE NÚMEROS

   Números são coisas que fogem à minha compreensão. Dizem os especialistas, que o Universo seria governado por  números. O número um representa a unidade máxima de tudo o que há. Seria o número de Deus, o primeiro e único, segundo todas as religiões, presentes ou passadas. Até mesmo entre as mais primitivas, que tinham deuses como Gilgamesh ou Tupã.  
   O número dois, dizem, é muito bom. Representa o Alfa e o Ômega, ou seja, o próprio Deus, segundo Ele mesmo em o Apocalipse (1, 8). Mas é, também, o Pai e o Filho, o Bem e o Mal, o Homem e a Mulher, o Macro e o Micro, o Céu e o Inferno, enfim, o princípio das partidas dobradas.
   O três é número quase perfeito, dizem os grandes mestres do ocultismo. Três, são o Pai, a Mãe e o Filho, ou seja, uma síntese de tudo o que é vivo.
   O quatro é número riquíssimo.  Quatro são as estações do ano,  os evangelhos e os evangelistas. Zola escreveu sobre eles e Dürer os pintou. Brahms compôs o que chamou de "Quatro canções sérias". Cícero escreveu quatro discursos contra Catilina. Quatro são os Cavaleiros do Apocalipse e Confúcio escreveu "Os quatro livros", que foram a base de todo conceito filosófico confucionista. Quatro rodas tem o carro, e quadriga é o carro puxado por quatro cavalos. Com o mês de Junho, vêm as fogueiras, os balões, munguzás, mingau de milho, pamonha e canjica. Vêm bandeirinhas, fogos e fogueiras. Tempo de arranjar compadres. E comadres também. Tempo bom é junho, mês de quadrilha. Eu disse quadrilha? Disse. Lá está o quatro de novo. Quadrilha, em mês de junho é coisa séria. Tão séria que o forró tem sua linguagem francesa. O problema é o nome. Segundo mestre Aurélio, quadrilha é contradança de salão, de origem francesa, muito em voga no século XIX, e de caráter alegre e movimentado, no qual tomam parte diversos pares. Mas é também bando de ladrões, assaltantes ou malfeitores. Quando deriva, o quatro é uma riqueza só. Quatralvo é o cavalo malhado de branco até os joelhos. Quatríduo é o espaço de quatro dias e quatrilhão é número além de nossa imaginação. É a vigésima quarta potência de dez.
   Vamos mudar de número. Tentemos dizer alguma coisa sobre o cinco. Segundo Kosminsky, cinco é número que não existe. Por exemplo, são necessárias quatro cores para que se pinte um mapa plano. Não se precisa de uma quinta, para que as cores nunca se encontrem. Ainda segundo o mesmo Kosminsky, ao tempo em que Plutão ainda era considerado um planeta, o quinto planeta, o gigantesco Saturno, não seria exatamente um planeta, mas sim, apenas um aglomerado de pó, inclusive sua superfície e seus famosos anéis.
   Os números, realmente, parecem guiar o destino dos homens, dos planetas, do Universo, enfim. Alguns, têm significado místico, afirmam os esotéricos. O sete, dizem, seria o número perfeito. Sete são as notas musicais; sete, as maravilhas do mundo antigo e do moderno, tambéme, e sete são as colinas de Roma. No Apocalipse, segundo a Bíblia, Cristo está no meio de sete lâmpadas (1, 13), e tem na Sua mão direita as sete estrelas (1, 16), símbolos das sete igrejas que estão na Ásia, e que personificam a totalidade da igreja (Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia, Laodiceia). Um bom violão de sete cordas, faz a delícia de quem ouve sete notas bem tocadas. Uma das maravilhas brasileiras é o Parque Nacional Sete Cidades. Sete são as artes e sete foram os discursos pronunciados por Cícero contra Verres. Ésquilo escreveu Sete contra Tebas, sete são os pecados mortais, assim como sete são os pecados veniais. Sete são os anões da Branca de Neve e sete vezes setenta os Anões do Orçamento. O Rio Grande do Sul possui as ruínas dos Sete Povos Orientais. No Paraná, perdemos o salto de Sete Quedas, e sete são os sacramentos da Igreja Católica. Haydn compôs As Sete Palavras de Cristo na Cruz.
   Quando ao oito e o nove, falaremos deles em outra ocasião. Este texto se alonga, e preciso terminá-lo. Quanto ao zero, bem, este número precisa de um verdadeiro compêndio e faltam-me agora, tempo, talento e competência para falar dele. Apenas para não deixar de citá-lo, sabe-se que ele, em princípio, não vale nada, exceto ele mesmo. Em alguns casos, dependendo de sua quantidade, vale muito, vale fortunas. O problema é quando colocado à esquerda de qualquer número, vale menos que ele mesmo, como é o caso de algumas pessoas ditas inúteis e outras que são, como se dizia em latim, maledictas.