terça-feira, 6 de julho de 2010

SOBRE A SABEDORIA

Dizia o padre Antônio Vieira, que um livro é um mudo que fala, um surdo que responde, um cego que guia, um morto que vive. Aristóteles, por sua vez, dizia que a sabedoria é um adorno na prosperidade e um refúgio na adversidade. E foi isso que descobri lendo o Livro dos Provérbios, na Bíblia Sagrada, particularmente no capítulo oito do Velho Testamento, que fala do Elogio e Origem da Sabedoria. Vai aqui, portanto, trechos deste livro magnífico, que instrui, leva à reflexão e que é, no final das contas, um refúgio na adversidade.
A sabedoria está de pé sobre as colinas e na encruzilhada dos caminhos. Ela está junto às portas de entrada na cidade e nas suas vias de acesso. Na esperança de entrar, ela apela aos homens, a sua voz dirige-se aos filhos dos homens clamando: “Ó simples, aprendei a prudência e vós, ó insensatos, adquiri a inteligência, prestai atenção porque vou anunciar-vos coisas importantes e os meus lábios abrir-se-ão para proclamar o que é reto. A minha boca proclama a verdade e os meus lábios aborrecem a iniquidade. Todas as palavras da minha boca são justas, nelas não há falsidade nem perversidade. Elas são claras para os que têm inteligência e razoáveis para quem tem ciência. Procurei a minha instrução mais que o dinheiro, preferi a ciência ao ouro fino porque a sabedoria vale mais que as pérolas e tudo quanto há de apetecível não se lhe pode comparar”.
“Eu, a sabedoria, habito com a prudência, possuo a ciência e a reflexão. O temor de D’us odeia o mal. Eu detesto o orgulho, a arrogância, a má conduta e a boca mentirosa. A mim pertencem o conselho e a equidade, a prudência e a fortaleza. Amo os que me amam: quem me procura, encontrar-me-á. Tenho comigo riquezas e glórias, bens duradouros e a justiça. O meu fruto é mais precioso que o ouro mais fino, o meu produto tem mais valor que a prata mais pura, ligo os caminhos da justiça, por entre as sendas da equidade, para enriquecer os que me amam e encher os seus tesouros.” É assim que está escrito no Livro dos Livros.
Mas o texto sobre a sabedoria vai mais longe. Diz assim: "O Senhor me criou, como primícias das Suas obras, desde o princípio, antes que criasse coisa alguma. Desde a eternidade fui constituída, desde as origens, antes dos primórdios da terra. Ainda não havia os abismos e eu já tinha sido concebida: ainda as fontes das águas não tinham brotado; ainda não tinham assentado os montes sobre as suas bases, antes de haver outeiros, eu já tinha nascido. Ainda Ele não tinha criado a Terra, nem os campos nem o primeiro pó da terra. Quando Ele preparava os céus, eu estava presente; quando colocava uma abóbada sobre a superfície do abismo, quando firmava as nuvens, nas alturas, quando equilibrava as fontes do abismo, quando fixava ao mar o seu limite para que as águas não ultrapassassem a sua orla; quando assentou os fundamento da Terra, eu estava com Ele como arquiteto, e eram meus prazeres diários, o deleitar-me continuamente diante d'Ele, brincando sobre o globo de sua terra, e achando as minhas delícias junto dos filhos do homem.
Agora, meus filhos, ouvi-me:
“Felizes os que seguem os Meus caminhos. Ouvi as Minhas instruções para serdes sábios; não queirais rejeitá-las. Feliz o homem que Me ouve e que vela todos os dias à entrada da Minha porta, e que é assíduo no umbral da Minha casa!
Aquele que me achar encontrará a vida e alcançará o favor do Senhor.
Mas quem me ofender prejudica-se a si mesmo, e quem me odiar ama a morte.
Assim está escrito e assim será “per omnia secula seculorum”.