segunda-feira, 19 de abril de 2010

SOBRE O PODER

Que coisa misteriosa é essa que, indistintamente, todos queremos em maior ou menor escala? A resposta não é fácil. E para mim, particularmente, um analfabeto sobre quase tudo o que há, a dificuldade em responder a essa questão é muito maior que a de outros mortais comuns.
Classicamente, o poder pode ser definido como  algo que controla a sociedade. Convém, porém, não esquecer que, poder faz referência ao que é possível, exceto o Poder de D’us. Pra quem n’Ele crê, evidentemente. Mas, se assim é, a ideia de poder é muito parecida com a de controle ou de autoridade. Por isso, talvez, não bastasse a prisão do corpo a que vivemos submetidos, tenha o ser humano criado a prisão dos regulamentos que, em última análise, é um dos derivados do poder, porque cabe à autoridade ou ao poder, regular o comportamento social para que se evite o caos.
É bom, porém, que não esqueçamos que poder, existem de vários tipos. O poder humano, por exemplo, que é a capacidade de ação do homem ter poder sobre outro homem, sobre as coisas ou ainda, sobre si mesmo. Aliás, na questão do poder humano, o poder pressupõe a potência, sempre e quando esta não for reduzida à simples questão da potência física e levar em conta as formas mais diversas que o homem tem para afirmar sua potência, ou seja, a eloquência, a riqueza, a fama e até mesmo a cultura.
O poder, entretanto, tem suas formas. Uma delas, a força bruta, a menos eficaz, muito embora possa apresentar algum resultado para o dono da força. O problema é que sua capacidade de ação e dominação é pequena demais, seja a de um homem sobre outro, ou mesmo a de um regime totalitário sobre um determinado povo ou grupo de povos. Historicamente, é certo que passará, como passaram todas as formas de dominação bruta como os impérios (vide os impérios dos medos e dos persas, o romano, os impérios inglês, francês, alemão, austro-húngaro, russo, japonês e americano, apenas para citar alguns.
Temos ainda as questões filosóficas do poder da razão, o poder como dominação, os recursos do poder, as formas de poder, a tentação do poder o poder legítimo, o poder das instituições, o poder legítimo, o poder passivo o poder vital e, também, a não menos importante questão do poder e contrapoder.
Na verdade, todo poder traz embutido em si, uma forma qualquer de violência. Mas, de violência, falaremos outro dia. O assunto é mais que vasto e impossível de ser abordado em todas suas facetas.
De qualquer modo, o objetivo deste simples texto é tão somente, levar meus seis leitores à reflexão sobre essa coisa chamada poder, à qual, queiramos ou não, estamos todos submetidos.

PEQUENOS TEXTOS II

Ontem, esclareci aos meus seis leitores que, atacado por uma crise de preguiça explícita, e encontrando em meus alfarrábios pequenos textos escritos há muito tempo por minha mente um tanto quanto surrealista, hoje, decidi repetir a dose. Espero que me perdoem a audácia.

1 - Previdente gravidez
Entardece. Os últimos raios de sol tentam agarrar-se desesperadamente à Terra. Mas tudo é inútil. A noite implacável avança, cobrindo o mundo com seu negror absoluto. 
Mas, não se sabe se, porque previdente, ou porque o instinto materno fala mais alto, engravida do Sol um último raio luminoso. Para que possa parir o amanhecer de um novo dia.
 

2 - Uma cruz triste demais 
Lá estava o corpo estendido no chão. Ao lado, carpinteiros rústicos, trabalhavam uma cruz, ela, rústica também. Depois, conscienciosamente, pregaram o corpo na cruz e a ergueram.
Ao fundo, nuvens plúmbeas e negras  co-lidiam indignadas, cheias da cólera divina, provocando comoção cósmica.
Enquanto isso, a cruz de madeira, entristecida, derramava lágrimas de sangue, enquanto maldizia o lenhador que a abatera, para submetê-la a tão triste e indigno destino.

3 - Incongruência sem fim

Como é possível a um planeta tão bonito, tão azul, tão verde, tão dourado e tão rico, abrir-se, para recolher em seu ventre, cadáveres que o poluirão, conspurcarão e depois o adubarão, para que mais vida nasça, para ao morrer, voltar àquele útero fétido, onde tudo começará novamente.

4 - Um quadro muito triste
Terminara a aula. Com ela, terminara, também, o ano escolar. As crianças saem gritando, felizes. Algumas ficam para trás. São mais emotivas. Querem ficar um pouco mais com a professora. Esta, sensível também, disfarça a emoção e jura que ano que vem estarão juntos novamente. Juras tolas, evidentemente.  Quem sabe onde estarão amanhã?Finalmente, saem todos. A professora apaga as luzes e fecha a porta. Na sala, prenhe de solidão, um quadro negro derrama lágrimas verdes de saudade.