quarta-feira, 4 de novembro de 2009

MULHERES INSPIRADORAS


Que o mundo é feio e mau, nenhuma dúvida. Por outro lado, que a vida é bela, também nenhuma dúvida. E por que isso acontece? Simplesmente porque o mundo é dual. O que seria do belo, se não fosse o feio? E do negro se o branco não existisse? Como seria o frio sem a noção do quente? É que o princípio das partidas dobradas explica tudo o que vemos, ouvimos e sentimos. É por isso que nos consola saber da existência de pessoas inspiradoras, que se contrapõem às pessoas depressivas, de mal com a vida e que, no geral, acabam trilhando o caminho do fracasso.
Foi por isso que li, com muita satisfação, a reportagem publicada na revista Cláudia de Outubro/2009, em que a deputada federal Fátima Pelaes (PMDB-AP), conta histórias de sua vida, história essa que faria com que qualquer outra pessoa, menos forte e menos decidida, não sobrevivesse a tanto sofrimento moral e material. Nascida e criada até os três anos de idade numa penitenciária, porque sua mãe, condenada à prisão por homicídio, lá deu a luz à pequena Fátima, e lá a criou durante três anos. Convenhamos que não é qualquer mortal comum que consegue virar o jogo da vida e se tornar uma pessoa de muito sucesso e respeito como o é a deputada Fátima Pelaes, de quem tenho o prazer de ter sua amizade. Esclareça-se, porém, que não é o sentimento de carinho que tenho por ela que me leva a enaltecer suas qualidades. O faço por uma simples questão de justiça. Eu, que lutei todas as batalhas da vida, sei o quanto é difícil, não só sobreviver e ultrapassar todos os empecilhos que a vida coloca em todos os caminhos trilhados pelos humanos, esses estranhos animais feitos à base de carbono. É por isso que realço o valor dessa mulher inspiradora que, tendo tudo para que a derrota fosse o seu prêmio, brinda a todos nós com o seu sucesso, mostrando que tudo é possível, quando a força de vontade é maior que o desânimo que muitas vezes nos é colocado à porta.
Fátima Pelaes, que está em seu quarto mandato como deputada federal, é considerada como uma das parlamentares mais sérias da Câmara Federal, responsável por leis como a que determina eu as unidades prisionais tenham um berçário decente par amamentação e uma creche para que os filhos permaneçam com suas mães, na prisão, até os sete anos de idade. Ela também relatou a CPI sobre o extermínio de crianças e adolescentes; presidiu a CPI que investigou a mortalidade materna no país e criou a lei que estendeu a licença-maternidade para mães adotivas. Atualmente, tem convocado audiências públicas para discutir o aumento da pedofilia no Brasil.
Outra mulher inspiradora é a também deputada federal Dalva Figueiredo (PT-AP). De simples professora amapaense, título o mais honroso de quantos possam existir, porém mal remunerado, através da capacidade política foi vice-governadora e governadora do Estado do Amapá. Além disso, elegeu-se deputada federal e tem, à sua frente, uma bela estrada a ser trilhada no campo da política.
É de mulheres assim, vitoriosas, cheias de garra que o Amapá precisa. Não se precisa, também, de homens assim?, perguntarão meus seis leitores. É claro que precisamos, sim. A diferença é que, enquanto a Câmara Federal, de um total de 513 parlamentares, tem apenas 45 mulheres, contra 468 homens, ou seja, menos de 10% do total. Se as mulheres são maioria no Brasil, por que têm que ser tão poucas no parlamento?
Que fique e prolifere o exemplo dessas duas mulheres que, oriundas de uma vida pobre e cheia de dificuldades, são espelhos onde devemos nos mirar e andar, sempre para a frente e para o alto.