sexta-feira, 30 de outubro de 2009

DE ANJOS E INVEJA


Para os antigos hebreus, anjo significava “mensageiro”. Essa tradução continua valendo, tanto no Velho quanto no Novo Testamento. No original hebraico, anjo é grafado como “Malakh” e pode ser traduzido como mensageiros e não são todos iguais, segundo a própria Bíblia. Algumas vezes, adotam a forma humana, atuando como mensageiros de Deus, quase sempre para indicar uma missão especial e sagrada. No Novo Testamento anjo é angelos e tem o mesmo significado de alguém que porta, ou, traz uma mensagem. Quanto ao Anjo do Senhor, eventualmente pode ser confundido com o próprio Deus. Normalmente, esse é enviado para julgar e destruir (Ver 2 Samuel 24:16); para proteger e livrar (Salmos 34:7) e orientar e instruir segundo Mateus 2: 13, 19.
Convém não confundir anjos com arcanjos. Estes são uma nomeação especial para aqueles anjos que cumprem missão especial, como a comunicação feita a Maria, mãe de Jesus, que conceberia o fiho de Deus.
Segundo Voltaire, o autor do verbete anjo na Enciclopédia Francesa diz que “todas as religiões admitiram a existência dos anjos, muito embora a razão natural não o demonstre”. O certo seria se dizer que muitas religiões e não todas reconheceram anjos. Uma antiga religião de raízes judaicas e árabes, envolta em magia e superstições, assim como a dos druidas, a da China antiga, dos citas, dos antigos fenícios e dos antigos egípcios não admitiram os anjos.
Quanto aos brâmanes, orgulham-se de há 5.114 anos ter escrito sua primeira lei sagrada, intitulada Shasta. Só 1.500 anos depois escreveram sua segunda lei chamada Veidam, que significa a palavra de Deus. O Shasta afirma no seu capítulo primeiro que: “Deus é uno; criou o mundo; é uma esfera perfeita sem começo e nem fim. Ele conduz toda a criação por uma providência geral, resultante de um princípio determinado.
O segundo capítulo da Shasta diz que o Eterno, absorvido na contemplação de sua própria existência, resolveu na plenitude dos tempos comunicar sua glória e sua essência a seres capazes de sentir e compartilhar sua beatitude assim como servir sua glória. O Eterno quis e passaram a existir. Ele os formou de parte da sua essência, capazes de perfeição e imperfeição, segundo a sua vontade.
Então está escrito que Ele primeiro criou Birma, Vitsnu e Sib. Em seguida, criou Mozazor e toda a multidão de anjos. Birma foi o príncipe do exército angélico e Vitsnu e Sib seus coadjutores. Eles adoraram o Eterno disposto em torno de seu trono, cada um segundo sua importância. A harmonia reinou nos céus e Mozazor cantou o cântico de louvor e de adoração ao Criador. E o Eterno se alegrou com a Sua criação.
Mas, e tudo tem um mas, a harmonia que poderia ter durado ad eternum assim não aconteceu por causa da inveja. Lembram da serpente do Éden primevo dos hebreus? Pois é, ela, a inveja, se apossou do coração de Mozazor e de outros príncipes dos destacamentos angélicos. Entre esses estava Raabon, o primeiro em dignidade depois de Mozazor. Esquecidos da felicidade de sua criação e de seus deveres, tal qual Lúcifer, o mais belo entre as criaturas de Javeh, rejeitaram o poder de perfeição e adotaram o poder de imperfeição. Fizeram o mal diante do Eterno, desobedeceram suas ordens e disseram: “Nós queremos governar”. Através de promessas sedutoras, aliciaram um enorme número de anjos, e foi assim que surgiu a dor e a tristeza, e o mal proliferou por toda a Terra e por onde mais vá um só ser humano. Foi assim também, que o Eterno, cheio de ira, mandou Sib marchar contra eles, armado de onipotência e precipitá-lo do lugar eminente para o lugar das trevas, no Ondera, para ali serem punidos mil anos vezes mil anos.
Anjos como Gabriel, cujo nome significa “soldado de Deus”; Miguel, que é apontado como arcanjo e cujo nome significa “aquele que é parecido com Deus”, além de muitos outros, além de trazerem boas novas, também lutaram, por ordem do que tudo pode, e precipitaram Lúcifer e seus seguidores ao Hades, lugar destinado aos demônios.
Quanta dor, quanta mágoa, quanta raiva, quanto sofrimento, quantos males de todos os tipos e ordens são causados por esse pecado capital chamado inveja, tanto no reino dos céus quanto na Terra. e que é comum naqueles que pensam menos no que já têm e mais no que lhes falta.
Sejamos brâmanes, cristãos, judeus, muçulmanos ou pertençamos a qualquer outra religião, até mesmo entre os autodenominados ateus, tantos milênios depois, a inveja ainda domina os homens, esquecidos que só o amor constrói. Final de contas, foi o Mestre entre os mestres quem disse: “Amai-vos uma aos outros como Eu vos amei”. E mesmo assim, insistimos em não aprender nada da mensagem divina. Absolutamente nada.