quarta-feira, 2 de setembro de 2009

O SHOW NÃO PODE PARAR


O espetáculo primeiro que lembra algo parecido com o circo, foi a imitação romana dos hipódromos gregos. O circus latino, deriva do grego kírkos, kríkos (círculo). O português circo é empréstimo do francês erudito cirque, do século XVI. Os primeiros espetáculos circenses começavam com uma procissão solene, onde eram imitados os cortejos dos generais vencedores de grandes batalhas. Com o passar do tempo, vieram apresentações exóticas, com shows de ilusionismo e malabarismo. Mas, a exibição de equinos e cavaleiros habilidosos, sempre estiveram presentes no circo. Posteriormente, vieram os saltimbancos, os funâmbulos, os saltadores, os contorcionistas, os domadores que, se exibiam com a demonstração de seu domínio sobre feras como leões, tigres, leopardos e os números engraçados envolvendo elefantes, focas, girafas e outros animais, vindos das mais distantes regiões do planeta, mostrando que no fundo, o circo romano continuava presente.
O palhaço, de uma ou de outra forma, sempre fez parte do circo, mas somente a partir do século XIX é que passa a ter o papel importante que possui hoje.
O Brasil é um importante fornecedor de palhaços. Os palhaços Piolim e Carequinha, talvez sejam o emblema da palhaçada levada a sério com graça e talento únicos.
O problema é que, com o passar do tempo, circo e política fundiram-se de modo quase simbiótico. A classe que domina o poder é constituída pelos domadores da fera chamada eleitor, que por sua vez, com o passar do tempo transmutou-se em palhaço. Somos quase 200 milhões de tristes palhaços que não choram, porque o show não pode parar, mesmo que a lona do circo esteja pegando fogo; mesmo que nossos palhacinhos estejam com aparência esquálida, semimortos de fome; mesmo que as lágrimas escorram de nossos olhos para uma face que devia ser alegre, mas que é triste, tal qual o rosto tristonho do Pierrô, procurando sua Colombina numa Quarta-Feira de Cinzas; mesmo que manchemos o carmim de lábios fissurados pelo tempo; mesmo que ... Não interessa. O importante não são os nossos sapatos furados. O importante é que tenhamos à mão o título eleitoral. Eleitos os que nos governam, estalarão eles os chicotes com o qual tangem a boiada, enquanto cantam e dançam no picadeiro das nossas vidas. A ilusão de que somos importantes, não passa disso mesmo: ilusão. Retocamos a pintura, afivelamos no rosto a máscara do nosso triste olhar, enquanto as luzes se acendem. O dono do circo anuncia com voz tonitruante que o show da vida dos poderosos vai recomeçar. Afinal de contas, o espetáculo não pode parar.