segunda-feira, 18 de outubro de 2010

'"CUMA É O NOME DELE?"

Mais uma vez sou obrigado a começar um texto com a pergunta: “Quid est veritas?” (Onde está a verdade?). Esta pergunta foi formulada há 2000 anos por Pilatos a Cristo. A resposta mais convincente foi dada por Aristóteles, desde que Pilatos, ao formulá-la, parece ter-se desinteressado do assunto. Até hoje, o governador da Judeia só é lembrado por ter, simbolicamente, lavado as mãos, no que se tornaria o segundo maior acontecimento da humanidade no seu lado ocidental: a morte desse mesmo Cristo.

Aristóteles definiu a verdade como sendo “uma adequação ou coerência entre o que se diz e a coisa ou entre o que se diz e o ocorrido”. A verdade ou falsidade se prende apenas à verificabilidade, que não exige experimentação direta. Basta que se indique uma maneira fisicamente possível de testar.
Mas, voltando à pergunta inicial, onde está a verdade? Fiz estas reflexões, pensando na disputa eleitoral que opõe Lucas Barreto e Camilo Capiberibe. Ambos prometem mudar tudo o que aí que está, Acontece que, se todos temos nossos pecadilhos varridos para debaixo do tapete das nossas consciências, no meio político pecadilhos bem poderiam ser chamados de “pecadilhões”. Além disso, todos prometem fazer tudo e mais alguma coisa, para que vivamos no paraíso celeste posto na terra tucuju. Só ainda não disseram onde vão buscar os recursos necessários paea que assim seja.
Em tamanho bem maior, Dilma Rousseff jura de mãos postas e pés juntos que nem sabe quem é dona Erenice Guerra, Filhos & Cia. Também jura que não sabe quem é um dos coordenadores da campanha dela, que atende pelo nome de José Dirceu, aquele do Mensalão do PT. No contra ataque, José Serra jura por todos os juros que nem tem ideia de quem é Paulo Preto. Depois, recuperando a memória, disse conhecer o senhor “Quatro Milhões Paulo Pretinho da Silva”.
Dona Dilma, ex-ateia, agora se diz ecumênica. Dá até a impressão que religião e caça ao voto tem tudo a ver. José Serra, o paulista, jura que olhará com benevolência todo o Brasil. Até mesmo o desco-nhecido Amapá. Me engana que eu gosto.
De verdade, o que temos, é que todo político que se preza tem por hábito dizer que não disse o que disse. Quando muito, admite que imprensa distorceu palavras dele, ainda que repetidas “ipsi literis”.
A mentira campeia pelos campos, pelas águas e pelos céus do Brasil, e contra seu poder, o da verdade é pequeno demais. A respeito da mentira, o pensador francês Michel de Montaigne dizia que os mentirosos deveriam ser condenados à fogueira, porque se a mentira fosse apenas o contrário da verdade, seria possível tolerá-la. O problema é que a mentira tem mil faces e seu poder de destruição não conhece limites.
A propósito, se o próximo governador for eleito pelo PSB “y compañeros”, nome dele será Camilo ou João?