segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

NÓS E O POVO HEBREU

Sei que é muita pretensão minha querer – e o que é pior – tentar escrever sobre a saga do povo que o próprio D’us chamou de seu e com o qual, nós, ocidentais no geral e brasileiros no particular, além dos médio-orientais, temos tudo a ver. No entanto, como ousadia é palavra que não está ausente do meu dicionário, vou pelo menos tentar falar sobre um povo, uma nação e uma religião que estão enraizados no mais profundo do nosso ser, senão, vejamos: Nossos nomes próprios são, em grande parte, nomes hebraicos. Exemplos: Gabriel (homem forte de D’us), Rafael (D’us cura), Miguel (soldado de D’us), José Yossef), Maria (Miriã), Simão (obediente), Madalena (Maria Madalena ou Maria de Magdala, Magadã ou Magedan (cidade próxima da margem ocidental do Lago de Tiberíades. A propósito, o nome Israel, tão comum entre nós, significa “O que lutou com Deus” ou “Forte como Deus”. Anteriormente seu nome era Jacó (Jacob), aquele que trabalhou para Labão durante longos 14 anos por causa da bela Raquel (ovelha, ou mansa como uma ovelha), foi patriarca, filho de Isaque (Isaac) e Rebecca, neto de Abraão (Pai de multidões), o que antes foi Abrão (Pai do alto).

Fiquemos por aqui, apenas para citar alguns nomes. Nossas religiões têm tudo a ver com o povo hebreu. O nome foi aportuguesado do hebraico Ivrim ou Ibrim, para denominar os descendentes de Sem, filho de Noé. Muitos, porém, acreditam que hebreu, seria uma denominação advinda da expressão ever ha-nahar que significa “aquele que vem do outro lado do rio”, uma referência ao Rio Eufrates.
Foram eles, os hebreus, que primeiro tiveram a noção de um D’us único, ao contrário de todos os outros povos conhecidos à época, que tinham diversos deuses, incluindo gregos e romanos. Jesus (Yeshuah, em aramaico), um judeu e também arameu, é o nosso referencial sobre tudo o que existe de bom em todo o Universo conhecido. O mesmo D’us de Abraão é o nosso D’us, que também atende pelos nomes de Javeh, Jeovah, Elohim, Adonai ou ainda pelo tetragrama YHWH (ou seja, o Impronunciável) e o príncipe maior da Igreja Católica é Petrus (Pedro, em grego, aquele que antes era Simão, o pescador). Aliás, é bom lembrar que, assim como as igrejas protestantes, as ortodoxas e outras variações do catolicismo, a maronita, são filhas diretas da Igreja Católica Romana, esta também, é filha direta do Judaísmo. Se bem observarmos, veremos que nossa cultura, além da influência helênica, claro, tem muito – ou quase tudo a ver com o grande povo judeu. Aliás, segundo Gräetz, os povos criadores da civilização humana foram exatamente gregos e hebreus. Os helenos foram protagonistas únicos na história dos povos conquistados. Depois de sucumbirem sob as falanges macedônicas e as legiões romanas, impuseram aos vencedores sua enorme cultura que ainda hoje é fonte de conhecimento entre nós. Quanto ao povo hebreu, ao contrário dos gregos, permaneceu vivo em meio a impérios. Só para que se tenha uma pálida ideia de sua determinação em sobreviver num mundo hostil desde sempre, somente Jerusalém (que já teve nomes como (Jebus (dos jebuseus), Salém, Urusalim, Siom, Cidade de Davi, Aelia Capitolina, El Kuds (Santa), Beit el-Makdes (Casa da Santidade), Bet há-Mikdash (Templo), tem conseguido ressurgir das cinzas como se fora uma Phoenix hebreia ao longo dos últimos quatro mil anos a 121 conflitos por seu controle. Ela foi destruída duas vezes, 23 vezes sitiada, 52 vezes atacada e 44 vezes capturada por tribos e exércitos de impérios.
E ainda hoje, rodeado por milhões de inimigos árabes (eles também semitas e ditos descendentes de Ismael), Israel continua a guerrear por uma simples razão: o direito de existir. Ainda que banhada em sangue, milhões de litros de sangue ao longo de sua história, Jerusalém continua sendo a cidade sagrada de três grandes religiões: judaísmo, cristianismo e islamismo. Além disso, ao que tudo indica, o passado, o presente e o futuro da humanidade passam por ali. E por toda Israel, evidentemente. Não à toa que judeus de todo o mundo continuam a dizer todo santo ano na época da Páscoa (Pessach, em hebraico, passagem, em português): “Ano que vem, em Jerusalém). Israel, é portanto, por tudo o que já nos ofereceu, por tudo o que nos oferece e por tudo o que ainda há de nos oferecer, a ponte entre as trevas e a luz.