segunda-feira, 5 de outubro de 2009

MENÊ, TEQUEL E PERÊS


A campanha eleitoral para as eleições de 2010 já está nas ruas de todo o país. Naturalmente que aqui no Amapá também, muito embora, todos os políticos envolvidos direta ou indiretamente nela o neguem veementemente, de mãos postas e pés juntos, o certo é que todos eles só pensam naquilo. Isto posto, é necessário que comecem a pensar com frieza, calculadamente, friamente e de modo inteligente o que vão fazer. Certas alianças que hoje são tidas como certas, de repente, é como se nunca tivessem existido. Adversários ferrenhos de outrora, sem mais e nem menos vão jurar que são amigos desde criancinhas, e outros, por sua vez, que eram unha e cutícula, casa e botão vão deixar até mesmo de se cumprimentar, como se jamais houvessem sequer visto um ao outro. Dito isso, é preciso que tomem as cautelas apropriadas, para não serem apanhados de calças curtas, quando pensavam estar usando “black tié.”
Uma antiga história hebraica conta que Daniel, cujo nome significa “Deus é meu juiz”, - não confundir com o outro Daniel, este filho de Davi com Abigail (de Carmelo, também chamada de “a carmelita)) - um dos quatro Profetas Maiores em razão da extensão de seu Livro, este sim, autor e herói do Livro ou Profecias de Daniel e que por ser nobre, foi levado por Nabucodonosor para “o cativeiro da Babilônia”, comprovou ali sua fidelidade a Deus. E há uma um episódio em que faz uma profecia para o reino de Baltazar, quando aparecem, misteriosamente, três palavras indecifráveis na parede do palácio real, no qual estava acontecendo uma festa. A frase era a seguinte: “menê, tequel e perês”, mantendo o significado de “contado, pesado e separado.” Tais palavras foram interpretadas por Daniel como: Deus “contou”os anos de teu reinado (menê), e nele está pondo um fim; foste “pesado” na balança, e considerado em falta (tequel); teu reino vai ser ser dividido e entregue aos medos e persas (perês ou plural parsim) . Na mesma noite houve a invasão do medo Dario, que se tornou rei.
Do mesmo modo, todos os candidatos vão ser contados, pesados e separados, ou seja, vão ser “menê, tequel e perês) pelos eleitores. E quem quiser, não acredite, mas nossa vida, independentemente do façamos ou deixemos de fazer, é contada (nosso tempo de vida); pesada (o peso de nossas ações, boas ou más) e separada deste corpo que nos aprisiona para que possamos nos dirigir ao Hades (Inferno) ou ao Shiquinah (o lugar da Presença Divina, em hebraico), também conhecido entre nós como Céu ou Campos Elísios.
E se isso é verdade na vida diária de cada um, muito mais verdadeira é, quando aplicada no terreno movediço da política.
Amizade, que sentimento é esse?

Todos temos um amigo, uma pessoa que nos atende pedidos de ordem variada, até mesmo quando, a princípio não pode nos atender. Ainda assim, faz o possível e o impossível para que sejam satisfeitos os anseios e desejos do amigo, particularmente nas horas da sua amargura, da sua tragédia. Eu sou um exemplo disso. Sofri de uma grave patologia hepática, no caso uma hepatite virótica do tipo C, que só teve fim após um cirurgia de transplante de fígado, realizada com absoluto sucesso no Hospital Dom Vicente Scherer, em Porto Alegre (RS), no dia 20 de Outubro de 2007. Entretanto, é bom que se diga, que minha sobrevivência e a recuperação plena da minha saúde, além da vontade do Todo-Poderoso e dos médicos que realizaram essa operação, só foi possível, graças ao milhão de amigos que a graça de Deus me concedeu.
Mas, o que é, mesmo, esse sentimento chamado amizade? Sobre o assunto, e de novo citando o grande Voltaire, ``a amizade é o casamento da alma, e esse casamento está sujeito ao divórcio. É um contrato tácito entre duas pessoas sensíveis e virtuosas. Sensíveis, porque um monge, um solitário, pode não ser mau e viver sem conhecer a amizade. Virtuosas, porque os maus só têm cúmplices, os voluptuosos têm companheiros de devassidão, os interesseiros têm sócios, os políticos congregam partidários, o comum dos homens ociosos têm ligações, os príncipes têm cortesãos; somente os homens virtuosos têm amigos.'' Para verificar a assertiva do acima exposto, basta olharmos ao redor e, com certeza identificaremos conhecidos que são correligionários de um político qualquer, ou são sócios de outra pessoa, movido apenas pelo interesse próprio e nunca pela amizade.
Voltaire nos dá como exemplo, Cétego, que era cúmplice de Catilina (Lúcio Sérgio Catilina, que conjurou contra o Estado romano); Mecenas, poeta e cavaleiro romano da corte do imperador de César Augusto Otávio ou Otaviano, que protegeu as artes e as letras. Por ou-tro lado, Titus Pomponius Atticus era amigo de Marcus Tullius Cícero, amizade comprovada pelas 396 cartas que Cícero escreveu a Atico, reunidas em volume com o título de Epistulae ad Atticum.
Sabemos todos que amizade não se comanda, tal qual acontece com o amor e a estima. ``Ama teu próximo'', significa apenas ``Ajuda teu próximo.'' Mas não diz de modo claro e insofismável: ``Desfruta com prazer de sua conversa se ele for aborrecido, confia-lhe teus se-gredos se ele for um tagarela, empresta-lhe teu dinheiro de ele for dissipador.'' Somente quem assim faz, é aquele que é tomado por esse sentimento sublime chamado amizade. O entusiasmo pela amizade foi mais forte entre gregos e árabes que entre europeus, sejam ocidentais quanto orientais. No Brasil, esse é um sentimento que encontramos em todos os lugares, independentemente de nossas origens. Aliás, entre os gregos, a amizade era assunto de religião e de legislação. Os tebanos tinham até mesmo o re-gimento dos amantes. E que belo regimento! Por causa disso, houve quem o tomasse por um regimento de sodomitas; puro engano: seria como tomar o acessório pelo principal.
De modo que, aquele que tem amigos e é amigo de alguém, é um agraciado pelo bafejo das bochechas divinas. Esse é um abençoado por Deus e, interiormente, com certeza, bonito por natureza.
"Voltaire nos dá como exemplo, Cétego, que era cúmplice de Catilina (Lúcio Sérgio Catilina, que conjurou contra o Estado romano); Mecenas, poeta e cavaleiro romano da corte do imperador de César Augusto Otávio ou Otaviano, que protegeu as artes e as letras. Por ou-tro lado, Titus Pomponius Atticus era amigo de Marcus Tullius Cícero, amizade comprovada pelas 396 cartas que Cícero escreveu a Atico, reunidas em volume com o título de Epistulae
ad Atticum."