domingo, 15 de agosto de 2010

ATRAVESSANDO O RUBICÃO


Nas próximas eleições, quando serão eleitos o presidente da República, governadores, dois terços do Senado e deputados federais, o Amapá viverá, com certeza, a mesma situação de César, em março do ano 49 a.C. quando resolveu atravessar o Rubicão, rio que separava a Gália Cisalpina (atual França), da península italiana. À época, César pronunciou a famosa frase “alea jacta est” (a sorte está lançada). Logo depois guardou sua espada com a qual lutara contra os gauleses chefiados por Vercigentorix, no buraco de uma árvore, a qual só foi encontrada dezenas de anos depois, por um centurião romano chamado Lancírius Escudus, convocado às pressas pelo imperador Otávius, em março do ano 2 d. C. Esclareça-se que, Roma vivia sua fase republicana, e era impensável a possibilidade de um general e suas legiões, atravessarem os portões de Roma.
Na época, os patrícios (cidadãos romanos pertencentes à elite), tinham ojeriza a ditadores, imperadores e outras formas de autoritarismo. Aliás, assim como nós, à exceção de alguns integrantes da petezada, socialistas e congêneres, que nunca esconderam suas preferências por ditaduras e ditadores como Ahmadinejad, Fidel Castro, Hugo Chávez e outros menos votados.
Mas, o que têm em comum, o Amapá, César e o Rubicão, perguntarão perplexos, meus minguados seis leitores? Simples. O ex-senador João Capiberibe, cassado por compra de votos em 28 de abril de 2004 pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), terá, ele também, que atravessar o seu próprio Rubicão. Sabe-se que o Amapá está farto do autoritarismo que viveu ao longo de sua história, salvo as exceções de sempre, desde seu primeiro governador, o então capitão Janary Gentil Nunes. E Capiberibe, muito embora afirme o contrário, tem perfil autoritário, sim.
De modo que é candidato ao Senado, na esperança de que possa se vingar de Gilvam Borges. Se conseguir seu intento, claro.
Outra pergunta que ainda sem resposta, mas que desconfio qual seja é: estará ele disposto a, tal qual César, guardar sua espada e entrar, com o espírito desarmado na luta política? Só o tempo responderá a esta indagação. Uma coisa, porém é certa: quem já perdeu mais de uma vez para o mesmo adversário, corre o risco de perder outra vez. Outra coisa é certa. Oligarquias são uma tradição planetária. Ainda em 2009, um jornal britânico censurava o Brasil por causa de sua tradição oligarca. Que autoridade têm eles para criticar quem quer que seja, uma vez que, além de imperialistas, alíás tal qual os franceses, alemães, belgas, italianos e outros europeus? Lembremo-nos que a rainha Elizabeth II pertence a uma das mais tradicionais e oligarcas famílias da Grã-Bretanha. O ex-senador também pertence a essa mesma oligarquia que tanto critica, muito embora tenha sua esposa na Câmara Federal, um filho na Assembléia Legislativa do Estado do Amapá, sem esquecer a senhora sua irmã, a ex-deputada federal Raquel Capiberibe, hoje aposentada no cargo de Conselheira do Tribunal de Contas do Amapá, nomeada por ele quando governador.
Pensar é preciso. Ou não será preciso pensar? De tal modo que em outubro, pensemos 70 vezes sete antes de escolher nossos candidatos, porque o preço pago pela omissão dos melhores, é serem governados pelos piores. E depois, a questão da lei das Fichas Limpas é irrelevante. O que interessa é que nós, eleitores, sejamos fichas limpas.