quarta-feira, 14 de julho de 2010

DE SOBERBA E BURRICE

Talvez a coisa mais irritante que exista, além da burrice excessiva, seja a soberba. Não à toa, a soberba é o primeiro dos sete pecados capitais.
A definição clássica, diz que soberba é “a opinião elevada ou presunçosa que se tem das próprias qualidades, realizações ou bens”.
A questão de ser a soberba um pecado, ou não, é relativa. Para os gregos e romanos, com certeza não, uma vez que não tinham uma palavra para pecado, um conceito judaico-cristão. Para estes, a soberba é pecado. Para mim, que jogo no time romano, não é pecado, mas é extremamente irritante e, na maioria das vezes, uma demonstração da mais absoluta falta de inteligência.
Talvez isso explique o nariz um tanto quanto empinado de pessoas que nada são e pensam tudo ser, esquecidas que nem a roupa que vestem lhes pertence, pois da própria vida não são donos.
Uma das entidades mais presunçosas que existem é o Diabo. Primeiro porque tentou dar um golpe de Estado no Reino dos Céus, quando ainda atendia pelo nome de Lúcifer e era o predileto do Todo-Poderoso. Como o “putsch” acabou em fracasso total, foi transformado em símbolo de todo o mal que há. Adotou, possivelmente por inveja - outro pecado capital -, o título de Príncipe das Trevas, o que, se por um lado lhe confere um certo ar de elegância, por outro, não deixa de ser algo um tanto quanto presunçoso - exatamente uma das características da soberba.
A classe dita intelectual é de uma presunção, e por extensão, uma soberba, inaudita. Poucos, muito poucos, leram o Paraíso Perdido ou Guerra e Paz, até o fim. Mas ainda não encontrei um só que admitisse o fato.
A fogueira das vaidades grassa no mundo televisivo, possivelmente para comprovar o tal óbvio ululante de que falava Nelson Rodrigues: não há vida inteligente na televisão.
Existe algo mais presunçoso do que a mulher excessivamente bela? Desculpem, bela e burra?
Mas, na classe dos servidores públicos, ditos do primeiro escalão, é que se encontra a soberba em seu mais alto grau.
Ora, o servidor público do primeiro escalão, que na maioria das vezes, sequer serve ao público, é apenas um burocrata, colocado em determinada função pela vontade popular ou pela vontade do cacique de plantão. Pago com dinheiro público, não cumpre, na maioria das vezes, a missão que lhe foi confiada como exigem os bons manuais de conduta profissional e, ainda assim, se acha no direito de ser arrogante, como sói acontecer a quem não é absolutamente nada e pensa ser tudo ou, pelo menos, muito.
Mas, fiquem todos tranquilos. Eu também tenho minha parcela de soberba. Não fosse assim, não estaria aqui, mexendo em letrinhas, tirando o tempo e a paciência dos meus minguados leitores, como se pudesse ensinar algo a alguém.
Faço, portanto, de público, o “mea culpa”. Mas que a soberba, tal qual a burrice, é extremamente irritante, disso não tenho a menor dúvida.