quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

A IDADE DA RAZÃO

m contraposição a Wiliam Golding, que acreditava na maldade inata do ser humano, como mostra de forma admirável em seu livro "O Senhor das Moscas", o suíço Jean-Jacques Rousseau acreditava que o homem é um ser naturalmente bom, sendo a sociabilização a culpada pela sua "degeneração". Para Rosseau, o Contrato Social é um acordo entre indivíduos para se criar uma Sociedade, e só então um Estado, isto é, o Contrato é um Pacto de associação, não de submissão.

Ao que parece, é isto que a classe política brasileira ainda não conseguiu entender ao longo da sua história. Governantes, salvo as exceções que sempre as há, partem do princípio de que deve haver, por parte de seus súditos, uma submissão, e não uma associação. E não é por outra razão que, em podendo avançar muito mais rápido em direção ao pleno desenvolvimento político, econômico e social, andamos mais lentamente, isto quando não regredimos, como no caso do Amapá em que, nos últimos dez anos, tivemos um crescimento populacional de cerca de 40%, um crescimento do Orçamento do Estado em quase 350% e, ao invés de crescer, regredimos, retroagimos, ficamos menores, mais fracos e, por conseguinte, mais dependentes dos poderosos, o que não é bom para ninguém, inclusive para os donos do poder.
É absolutamente necessário que todos entendamos, como ensinava o grande pensador, que o homem nasce livre, e por toda a parte encontra-se acorrentado. E a grande questão é: por qual motivo os homens vivem sob os grilhões da vida em sociedade, por que os homens abandonaram o estado de natureza, uma vez que todos nascem homens e livres?
Pensar é preciso. Ou não é preciso pensar? A família, primeiro modelo de sociedade política: o pai representado pelo chefe, os filhos pelo povo. Mas o direito do pai sobre o filho cessa assim que este atinge a idade da razão e torna-se senhor de si. A distinção entre sociedade familiar/sociedade política se dá, principalmente, no fato de o pai se ligar ao fi-lho por amor, e o chefe pelo prazer em mandar. Quanto ao direito do mais forte, Rousseau nos diz que: ceder à força constitui ato de necessidade, não de vontade; quando muito, ato de prudência. Já o Direito, este é um conceito moral, fundamentado na razão. Sabe-se que não há direito na submissão de um homem pela força. Nenhum homem aliena sua liberdade gratuitamente a um outro - tampouco um povo a um indivíduo.
No dia em que entendermos plenamente a transitoriedade da vida, e por extensão a transitoriedade maior do poder, então teremos a possibilidade de sermos realmente, bons como acreditava Rosseau. A partir de então não mais exerceremos o nosso lado Belzebu, como se dizia antes que chegássemos à idade da razão.