domingo, 6 de novembro de 2011

MUNDO CONTRÁRIO



Quero ser alvejado por setas de amor. Quero ser apedrejado com pedras de alegria. Quero, mais que quero, exijo tiros de amor, pauladas de amizade, pancadas de bem querer, chibatadas de gratidão, metralhadas de bênçãos. É isso que quero. Não quero mais as setas do ódio, as pedradas da ingratidão, o chicote do desprezo. Não mais suporto as adversidades da vida. Quero a paz de Pasárgada. Lá, não sou amigo do rei. Sou o próprio rei. Mas não quero o óleo fervente das profundezas do Hades. Quero ba-nhar-me nos igarapés da minha Amazônia natal. Recuso o Éstige que desce volumoso das cordilheiras do ódio. Quero Yeshuah ao meu lado. Mas quero longe de mim todos os Daímons das regiões ínferas.
Quero a minha mulher, a mulher dos meus devaneios, para que ela e somente ela, me embale em rede de amor. Quero sonhos e ilusões. Estou cansado de viver a vida real com seus pesadelos e ameaças sem fim. Quero minha Eva primeva. Aqui, só encontro Liliths. E de serpentes estou farto.
Quero ser Abrahão, Isaac e Jacob. Quero ser Salomão, David, Confúcio e Lao-Tsé. Quero ser Ghandi, Teresa de Calcutá e Dulce. Quero ser Eunice Weaver, quero ser Tolstói e Dostoiéviski. Mas não quero ser Paulo Coelho. Não quero ser Bill Gates, não quero ser Lula e nem Dilma. Quero ser apenas e tão somente Aadam. Ele conheceu o Paraíso. Eu, ainda não. Quem sabe um dia? Por que não? Se há luz que não faz sombra, é porque as possibilidades são, realmente, infinitas.