sábado, 9 de janeiro de 2010

EVANGELHOS APÓCRIFOS

EVANGELHOS APÓCRIFOS


É comum que cristãos católicos usem o termo apócrifo para designar os escritos de assuntos sagrados que não foram incluídos pela Igreja no Cânon das Escrituras autênticas e divinamente inspiradas. A doutora em assuntos bíblicos, Maria Helena de Oliveira Tricca, compiladora da obra “Apócrifos”, cita “Os Proscritos da Bíblia” que afirmam: “Muitos dos textos apócrifos já fizeram parte da Bíblia, mas ao longo de sucessivos concílios acabaram sendo eliminados. Houve os que depois foram reíncluídos e, durante algum tempo tornariam a partilhar a Bíblia.”
Como exemplo, podemos citar: “O Livro da Sabedoria”, atribuído a Salomão, o Eclesiástico ou Sirac, “As Odes de Salomão”, o “Tobit” ou “Livro de Tobias”, o Livro dos Macabeus, e muitos outros. A maioria ficou definitivamente excluída do Livro dos Livros, como o famoso “Livro de Enoch”, o “Livro da Ascensão de Isaías” e os “Livros III e IV dos Macabeus”.
Mas, a pergunta que ninguém responde é: Quais foram os reais motivos para excluir esses livros das chamadas Santas Escrituras? Há quem questione que os “santos padres” da época se achavam superiores aos Apóstolos e mártires que vivenciaram de perto os acontecimentos relacionados a Cristo e ao judaísmo. E realmente, cabe a pergunta: De que poder se revestiam esses padres, para afirmarem que alguns Textos Evangélicos não representavam os ensinamentos da “Palavra de Deus”? Ou será que contrariavam esses textos, os interesse da Igreja de então? Quem nos há de responder? O certo, é que temos hoje, como consequência, uma Bíblia menor, incompleta, aleijada, porque alguns, na sua arrogância suprema, determinaram que tal coisa podia ou não, ser conhecida pelos que adviriam. Esta, sim, é a lamentável verdade. Pelo menos para mim. Não me cabe culpa alguma se, aqueles que se dizem extremamente religiosos e que, ao meu ver, padecem da obtusidade córnea de que nos falava Eça de Queiroz, limitam-se à aceitação literal dos textos ditos sagrados. Que a Bíblia é um livro absolutamente fantásticos pelas lições de sabedoria que dá a quem a manuseia, nenhuma dúvida. Não à toa é o livro mais editado e lido em todos os tempos e por todos os habitantes deste planeta, simples grão de areia diante da imensidão do Universo que nos cerca.
Mas, voltando aos textos ditos apócrifos, sabemos que existem mais de 60 evangelhos apócrifos como os de Tomé, de Pedro, de Felipe, de Tiago, dos Hebreus, dos Nazarenos, dos Doze, dos Setenta (ver Septuaginta), etc.
Apenas para que se tenha ideia melhor do que foi retirado da Bíblia, basta que se saiba que no início do cristianismo, os evangelhos eram em número de 315, sendo reduzidos a apenas quatro no Concílio de Nicéia, realizado no século I da era cristã.
Há quem acredite que, em relação ao Velho Testamento, a questão só foi resolvida por ocasião do Concílio de Trento. Determinou-se então, que os livros I e II de Esdras e a Oração de Manassés sairiam da Bíblia. Na contrapartida, alguns textos apócrifos foram reincorporados nos livros canônicos como “O Livro de Judite” (acrescido em Ester), “Os Livros do Dragão” e o Livros dos Três Santos Filhos” (acrescidos em Daniel), e o Livro de Baruch (que traz a Epístola de Jeremias”.
Consta, ainda, que os católicos não teriam sido unânimes quanto à inspiração desses livros. No Concílio de Trento, chegou-se ao cúmulo da luta corporal entre adversários, quando esse assunto foi tratado.
Lorraine Boerner (in Catolicismo Romano), afirma que o Papa Gregório, o Grande, declarou que primeiro Macabeus é um livro apócrifo, não sendo, portanto, um livro canônico. Sabe-se também que o cardeal Ximenes, em sua Bíblia poliglota, exatamente antes do Concílio de Trento, exclui os apócrifos e sua obra foi aprovada pelo Papa Leão X.
A propósito, o termo “apócrifo”, significa em grego, “ocultado” e não, necessariamente “falso”, como pensam alguns.
De certo, o que temos hoje, é uma Bíblia que, se de um lado é o maior de todos os livros, poderia ser, também, um livro muito maior nos seus ensinamentos, que basicamente tratam da vida, da morte e de todas as ciências humanas, além de nos contar histórias de homens que foram grandes, enormes na sua humildade, generosidade e na sua sabedoria, além de mostrar, em toda a sua glória, esse homem divino, podemos afirmá-lo, que se chamava Yeshuah na sua língua natal.