quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

O PARAÍSO PERDIDO

[0602132.jpg]O poeta inglês John Milton, do século 17, eternizou-se ao escrever “Paradise lost” (1667 - Paraíso perdido), um dos maiores poemas épicos da literatura universal. Seu “leit-motiv” é a justiça divina, mas o personagem dramático que domina o poema é Satã. A seguir, escreveu o “Paraíso conquistado”. Este é sequência e contraponto. Cristo, o segundo Adão, vem à Terra reconquistar o que o primeiro dos homens perdera.

O conflito entre o bem e o mal perseguiu Milton até o fim da vida. É uma característica própria dos que tentam entender o Universo e o homem, a partir do princípio das partidas dobradas.
Este conflito tem dividido o homem desde o princípio dos tempos, sobre o certo e errado, guerra e paz, homem e mulher, dia e noite, D’us e o Diabo, crime e castigo. Esse mesmo conflito deu origem às religiões, que voltadas intrinsecamente para o bem, provocaram, talvez, os maiores males que o homem poderia criar para torturar-se a si mesmo. Além dos massacres cometidos em nome de D’us, as religiões colocaram viseiras que impediram o homem de raciocinar com clareza e pudessem ver a face serena de D’us, que buscam há tanto tempo.
A nossa civilização, dita greco-romana ou judaico-cristã, está sendo substituída por valores anglo-saxões. A América tenta impingir a ideia de que é possível a extinção do mal sem a prevalência do bem, que o crime não merece castigo, que Rosseau estava absolutamente correto com sua teoria do bom selvagem, que teria perdido o Paraíso por causa do Senhor das Moscas, como algumas seitas costumam chamar Belzebu (o Demônio do Judaísmo) e que William Golding estaria errado. Ne-nhuma coisa e nem outra. O homem é simultaneamente Rosseau e Golding, é bom e é mau, é D’us e Diabo. Mais Diabo do que Deus.
Nossa tragédia, é que o Paraíso perdido está fora do nosso alcance. Tentamos por isso substituí-lo pelo Paraíso da impunidade. Não vai dar certo, porque a humanidade tem caminhado desde os albores dos tempos, sob a permanente ameaça de homens cruéis e brutais.
Ainda vivemos em permanente estado de guerra. E qualquer pessoa que tenha estado na guerra, sabe que o homem produz o mal como a abelha produz o mel.