O SHOW NÃO PODE PARAR
O espetáculo primeiro que lembra algo parecido com o circo, foi a imitação romana dos hipódromos gregos. O circus latino, deriva do grego kírkos, kríkos (círculo). O português circo é empréstimo do francês erudito cirque, do século XVI. Os primeiros espetáculos circenses começavam com uma procissão solene, onde eram imitados os cortejos dos generais vencedores de grandes batalhas. Com o passar do tempo, vieram apresentações exóticas, com shows de ilusionismo e malabarismo. Mas, a exibição de equinos e cavaleiros habilidosos, sempre estiveram presentes no circo. Posteriormente, vieram os saltimbancos, os funâmbulos, os saltadores, os contorcionistas, os domadores que, se exibiam com a demonstração de seu domínio sobre feras como leões, tigres, leopardos e os números engraçados envolvendo elefantes, focas, girafas e outros animais, vindos das mais distantes regiões do planeta, mostrando que no fundo, o circo romano continuava presente.
O palhaço, de uma ou de outra forma, sempre fez parte do circo, mas somente a partir do século XIX é que passa a ter o papel importante que possui hoje.
O Brasil é um importante fornecedor de palhaços. Os palhaços Piolim e Carequinha, talvez sejam o emblema da palhaçada levada a sério com graça e talento únicos.
O problema é que, com o passar do tempo, circo e política fundiram-se de modo quase simbiótico. A classe que domina o poder é constituída pelos domadores da fera chamada eleitor, que por sua vez, com o passar do tempo transmutou-se em palhaço. Somos quase 200 milhões de tristes palhaços que não choram, porque o show não pode parar, mesmo que a lona do circo esteja pegando fogo; mesmo que nossos palhacinhos estejam com aparência esquálida, semimortos de fome; mesmo que as lágrimas escorram de nossos olhos para uma face que devia ser alegre, mas que é triste, tal qual o rosto tristonho do Pierrô, procurando sua Colombina numa Quarta-Feira de Cinzas; mesmo que manchemos o carmim de lábios fissurados pelo tempo; mesmo que ... Não interessa. O importante não são os nossos sapatos furados. O importante é que tenhamos à mão o título eleitoral. Eleitos os que nos governam, estalarão eles os chicotes com o qual tangem a boiada, enquanto cantam e dançam no picadeiro das nossas vidas. A ilusão de que somos importantes, não passa disso mesmo: ilusão. Retocamos a pintura, afivelamos no rosto a máscara do nosso triste olhar, enquanto as luzes se acendem. O dono do circo anuncia com voz tonitruante que o show da vida dos poderosos vai recomeçar. Afinal de contas, o espetáculo não pode parar.
Somos todos palhaços pelo mundo afora.Brancos pintados de negros,negros pintados de branco,amarelos verdes de vergonha,pardos pálidos de tristeza,sempre na esperança de um arco iris roxo de saudade aparecer e brilhar no olhar de cada um em forma de esperança.Que nossa grande arma,o voto,nao deixe que elejamos "os mesmos" em troca de 1 kg de feijão.Rosana Monteiro.
ResponderExcluirSogro, sem dúvida você é um tremendo escritor. Adoro ler seus escritos, seja qual for o formato, eles possuem musicalidade, não consigo parar de ler.
ResponderExcluirinfelizmente e sem sombra de dúvida somos peça integrante desse circo que é o sistema, não consigo ver mudança para pequeno e médio prazos.
Mas, me alegro em saber que podemos desde agora mudar isso, através da conscientização da geração futura, seus netos Alexia e Leonardo, por exemplo, serão orientados a fazer bom uso de seus aplausos - votos. Grande beijo a essa mente pensante e culta.
Da sua nora, Alessandra Bezerra.