quinta-feira, 1 de outubro de 2009

SOBRE A IGUALDADE


É comum que, quando se fala em igualdade, um percentual expressivo da sociedade tenha a tendência de pensar que se trata de igualdade racial, de direitos iguais entre homens e mulheres, de igualdade no campo religioso, político, partidário e até mesmo ideológico. Mas não é de nenhum desses tipos de igualdade que falaremos hoje. A idéia é falar de um outro tipo de igualdade que a maioria de nós raramente percebe: como seria o mundo, se fôssemos iguais aos mais diversos animais?
A verdade é essa mesmo, quem de nós já pensou como seria o mundo, se agíssemos como agem os animais ditos irracionais? Vejamos então: O que um cão deve a um outro cão e um cavalo deve a um cavalo? Nada, absolutamente nada. Sabe-se que nenhum animal depende de seu semelhante. Entretanto, o bicho-homem, por ser dotado dessa coisa fantástica chamada razão é diferente. E em que consiste, basicamente essa diferença? A diferença é que o fruto que colhe por causa desse raio de divindade, é o de ser escravo em quase toda a Terra. Vejamos o que diz Voltaire sobre o assunto: ``Se esta terra fosse o que parece ser, isto é, se o homem encontrasse em toda parte uma subsistência fácil e certa e um clima apropriado à sua natureza, é evidente que teria sido impossível a um homem escravizar outro. Se este globo se cobrisse de frutos salutares; se o ar que deve contribuir para nossa vida não nos transmitisse as doenças e a morte; se o homem não tivesse necessidade de outra morada e de outro leito que aqueles dos cervos e dos cabritos monteses; em tal caso, Gêngis Khan e Tamerlão teriam como vassalos apenas os próprios filhos’’.
Nesse estado natural que gozam os animais da terra, das águas e dos ares, o ser humano seria tão feliz como eles, pois não teria maiores necessidades além daquelas básicas, necessárias à vida de qualquer animal, e a dominação seria apenas um sonho mau, um absurdo em que ninguém pensaria, pois, para que procurar servos quando não se tem necessidade de serviço algum?
O problema, lembrando Voltaire novamente, é que a miséria ligada à condição humana subordina um homem a outro. Não é a desigualdade que é um mal real. É a dependência. É impossível que os homens que vivem numa sociedade não sejam divididos em duas categorias: uma de opressores e outra de oprimidos. Ou seja, temos a turma dos que mandam e a turma dos que obedecem. Todo homem quer dominar, quer ter riqueza e os prazeres da vida. E isso só será possível na medida em que aumentar seu domínio sobre outros, ou seja, a classe dos oprimidos. Os homens, sabe-se, são excessivos em tudo o que fazem, e não poucos os que levaram essa desigualdade ao exagero. Apenas como exemplo de opressores que chegaram ao exagero absoluto, podemos citar Aníbal, o Cartaginês; Alexandre da Macedônia, o Grande; Constantino I, César; Ivan, o Terrível; Pedro, o Grande; Hitler, o causador do Holocausto, e tantos outros opressores de milhões de oprimidos.
Voltaire diz mais, a respeito dessa questão que divide opressores e oprimidos: ``O homem que fica aborrecido por ser tratado, onde quer que vá com ar de proteção ou desprezo, e que vê que muitos senhores não têm maior conhecimento, virtude ou espírito que ele, só tem um caminho a seguir: cair fora.`` Ao que eu, de minha parte, acrescentaria: ``se mande’’, ``vaze``, ``rasgue’’, desapareça, pois se assim não o fizer, só terá um destino: ser um eterno oprimido.

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