terça-feira, 12 de janeiro de 2010

GRAVE AMEAÇA

GRAVE AMEAÇA


O açaí nosso de cada dia pode se transformar num grande problema para todos os habitantes da Amazônia, particularmente para os amapaenses. A razão é que ele, o açaí, pode estar sendo o veículo transmissor da doença de Chagas, uma doença terrível que, até há pouco era restrita a algumas regiões do Sudeste, mais precisamente no Vale do Jequitinhonha.
Segundo as últimas informações, a cada quatro dias, em média, uma pessoa é infectada com doença de Chagas ao beber suco de açaí na Amazônia. Tem sido assim nos últimos 15 meses, quando 15 surtos da doença foram registrados no Pará, no Amazonas e no Amapá. Já em março de 2005, laudos expedidos pelo Instituto Evandro Chagas, de Belém do Pará, confirmavam casos de doença de Chagas no Amapá. À época, 26 pessoas estavam contaminadas. A informação afirmava, também que tais pessoas rresidiriam na localidade de Igarapé da Fortaleza. A comunidade fica entre Macapá e o município de Santana, às margens da rodovia Salvador Diniz. Entretanto, a Secretaria Estadual de Saúde, através da Divisão de Epidemiologia declarou, então, que o surto não se caracterizava porque o foco estava centrado em dois locais, Igarapé da Fortaleza e Marabaixo, bairro da periferia de Macapá. onde três pessoas da mesma família estariam infectadas.
De certo, o que temos, é que no Amapá, felizmente, os poucos casos registrados até agora, mostram que os casos registrados são eventuais e acidentais. Isso, porém, não significa que deixemos de tomar as devidas medidas acautelatórias para evitar que em futuro breve possamos sofrer uma epidemia de doença que ainda não tem cura e nem sequer vacina. E essas medidas preventivas passam, naturalmente, pela questão da higienização do açaí, que deve ser lavado e enxaguado diversas vezes, desde o local onde é apanhado e, especialmente, nos locais em que o fruto é transformado em vinho.
A Divisão Estadual de Epidemiologia do Amapá já começa a alertar todos aqueles envolvidos na produção e venda de açaí a tomarem as mais severas medidas de higiene, pois a contaminação no ser humano não ocorre diretamente pela picada do inseto, que se infecta com o parasita quando suga o sangue de um animal contaminado (gambás ou pequenos roedores). A transmissão ocorre quando a pessoa coça o local da picada e as fezes eliminadas pelo barbeiro, penetram pelo orifício que ali deixou.
A transmissão pode também ocorrer por transfusão de sangue contaminado e durante a gravidez, da mãe para filho. No Brasil, foram registrados casos da infecção transmitida por via oral nas pessoas que tomaram caldo-de-cana ou tomaram açaí não adequadamente higienizado. Embora não se imaginasse que isso pudesse acontecer, o provável é que haja uma invasão ativa do parasita diretamente através do aparelho digestivo nesse tipo de transmissão.
A doença de Chagas é causada pelo protozoário parasita Trypanosoma cruzi que é transmitido pelas fezes de um inseto (triatoma) conhecido como barbeiro. O nome do parasita foi dado por seu descobridor, o cientista Carlos Chagas. Segundo os dados levantados por instituições de pesquisa desse grave problema patológico, esse inseto de hábitos noturnos vive nas frestas das casas de pau-a-pique, ninhos de pássaros, tocas de animais, casca de troncos de árvores e embaixo de pedras.
Normalmente, os sintomas são: febre, mal-estar, inflamação e dor nos gânglios, vermelhidão, inchaço nos olhos, aumento do fígado e do baço. Com freqüência, a febre desaparece depois de alguns dias e a pessoa não se dá conta do que lhe aconteceu, embora o parasita já esteja alojado em alguns órgãos. Como nem sempre os sintomas são perceptíveis, o indivíduo pode saber que tem a doença, 20, 30 anos depois de ter sido infectado, ao fazer um exame de sangue de rotina, o que significa que toda pessoa deve fazer, ao menos uma vez por ano, exame de sangue específico para detectar eventual contaminação. Meningite e encefalite são complicações graves da doença de Chagas na fase aguda, mas são raros os casos de morte.
No quesito tratamento, a medicação é dada sob acompanhamento médico nos hospitais devido aos efeitos colaterais que provoca, e deve ser mantida, no mínimo, por um mês. O efeito do medicamento costuma ser satisfatório na fase aguda da doença, enquanto o parasita está circulando no sangue. Na fase crônica, não compensa utilizá-lo mais e o tratamento é direcionado às manifestações da doença a fim de controlar os sintomas e evitar as complicações.
Como não existe vacina para a doença de Chagas, os cuidados devem ser redobrados. Como ainda não existe vacina para esse mal, convém eliminar o inseto transmissor da doença ou mantê-lo afastado do convívio humano. Essa é a única forma de erradicar a doença de Chagas.
Juntamente com a Divisão de Epidemiologia, a Vigilância Sanitária do Estado também está se empenhando em prevenir o problema, alertando, ela também, sobre a necessidade da mais perfeita igienização, tanto do açaí quando do caldo de cana, ele, também, um possível agente transmissor, caso não seja feita no produto a limpeza adequada.
Com essas medidas, com certeza, afastaremos uma eventual epidemia e poderemos viver mais e melhor, mas, para isso, é necessário que todos, instituições e povo caminhem de mãos dadas. Unidos, somos fortes e nada nos deterá em direção ao brilhante e breve futuro que aguarda, de braços abertos, o Amapá e os amapaenses.

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