terça-feira, 20 de abril de 2010

LIBERDADE, O QUE É?

Talvez nenhum objetivo seja mais desejado pela raça humana que a liberdade. Todos sonhamos em ser livres. Mas, o que é mesmo essa coisa chamada liberdade, pela qual estamos dispostos, não só a matar, mas morrer, se preciso for, porque partimos sempre do princípio que um escravo vale menos que um homem morto por causa do desejo de ser livre?
Primeiro, é preciso que tenhamos ideia mais nítida do que é ser livre. Um homem casado é livre? Ou uma mulher casada, é livre, ela também? E que dizer da pessoa que depende de outra para sua subsistência, seja porque é teúda e manteúda de alguém, seja porque é empregado ou subalterno de outro maior e/ou melhor que ele? Serão verdadeiramente livres, essas pessoas? Pensar é preciso. Ou não será preciso pensar?
A definição mais natural de liberdade é a total ausência de obrigações e limitações. Limites e obrigações são impeditivos do seu direito (?) de ir e vir. Mas, seguir cegamente seus desejos, significa, por acaso, que se é verdadeiramente livre? Diziam os estóicos que ser livre, era aceitar que as coisas acontecessem tal como aconteceram sempre. Mas, na verdade, liberdade seja outra coisa, que atende pelo simples nome de opção. O poder da escolha, este sim, é uma forma de liberdade que extasia. Mas não se pense que o anarquista é livre, porque para viver de forma anárquica, há de forma implícita nessa forma de vida, um preço. E se há um preço, há também, uma forma de submissão. E se há submissão, logo não há liberdade.
Há porém, formas diversas de prisões que impedem a liberdade plena, caso daqueles que são escravos dos próprios desejos, ou dos desejos de outrem. Mas, e aceitar o próprio destino é ser livre? Dolorosa interrogação, porque alguns dirão que sim. Outros, que não. “Maktub”, como dizem os árabes, é ser livre? Estava escrito que assim seria, ou o caminho se constrói caminhando?
Baruch Spinoza, o grande filósofo judeu de origem flamenga, afirmava que “a razão só implica liberdade se conseguirmos entender a ordem racional que rege o mundo a cada instante.” E seguir uma religião qualquer, isso significa ser livre, na medida em que há a submissão aos regulamentos da igreja e à onipotência de D’us? Os escravos das cirurgias plásticas não serão escravos da aparência?
E que dizer da liberdade da indiferença? E os mentirosos serão livres? Ou serão escravos da própria mentira?
Finalmente, dizer o quê da liberdade política? Escolher em quem votar será, mesmo, um ato de liberdade? Numa sociedade, a ausência de leis que garantam a liberdade de todos, implicaria no desaparecimento do mais fraco pela mão do mais forte, uma vez que a sede de poder é inerente ao ser humano. E insaciável também. E, se impor limites é necessário e bom para a manutenção de uma sociedade organizada, por outro lado, significa dizer que ninguém é verdadeiramente livre, na medida em que o limite é uma imposição à liberdade natural, que só pode ser contida pela força do adversário.
É claro que este espaço é pequeno para abordar assunto tão relevante. Isso, sem contaro meu desconhecimento sobre quase tudo o que há, mas, se meus seis leitores puderem refletir sobre esse tema, ainda que apenas um pouco, já terá valido o esforço de escrever, como se dizia outrora, estas mal traçadas linhas.

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