terça-feira, 18 de maio de 2010

ATRAVESSANDO O RUBICÃO

Nas próximas eleições, quando serão eleitos o presidente da República, governadores, dois terços do Senado e deputados federais, o Amapá viverá, com certeza, a mesma situação de César, em março do ano 49 a. C. quando resolveu atravessar o Rubicão, rio que separava a Gália Cisalpina (atual França), da península italiana. À época, César pronunciou a famosa frase "alia jacta est" (a sorte está lançada). Logo depois guardou sua espada com a qual lutara contra os gauleses chefiados por Vercigentorix, no buraco de uma árvore, a qual só foi encontrada dezenas de anos depois, por um centurião romano chamado Lancirius Escudus, convocado às pressas pelo imperador Otavius, em março do ano 2 d. C. Esclareça-se que, Roma vivia sua fase republicana, e era impensável a possibilidade de um general e suas legiões, atravessarem os portões de Roma.
Na época, os patrícios (cidadãos romanos pertencentes à elite), tinham ojeriza a ditadores, imperadores e outras formas de autoritarismo.
Mas, o que têm em comum, o Amapá, César e o Rubicão, perguntarão perplexos, meus minguados seis leitores? Simples. O ex-senador João Capiberibe, cassado por compra de votos em 28 de abril de 2004 pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), terá, ele também, que atravessar o seu próprio Rubicão. Sabe-se que o Amapá está farto do autoritarismo que viveu ao longo de sua história, salvo as exceções de sempre, desde seu primeiro governador, o então capitão Janary Gentil Nunes. E Capiberibe, muito embora afirme o contrário, tem perfil autoritário, sim, de modo que vai lançar-se ao Senado, na esperança de que possa se vingar de Gilvam Borges. Se conseguir seu intento, claro.
Outra pergunta ainda sem resposta: estará ele disposto a, tal qual César, a guardar sua espada e entrar com o espírito desarmado na luta política? Só o tempo responderá a esta indagação. Uma coisa, porém é certa: quem já perdeu mais de uma vez para o mesmo adversário (Waldez Góes), corre o risco de perder outra vez. Outra coisa é certa. Oligarquias são uma tradição planetária. Ainda em 2009, um jornal britânico censurava o Brasil por causa de sua tradição oligarca. Que autoridade têm eles para criticar quem quer que seja, uma vez que, além de imperialistas, alíás tal qual os franceses e outros europeus, uma vez que a rainha Elizabeth II pertence a uma das mais tradicionais e oligarcas famílias da Grã-Bretanha? O ex-senador também pertence a essa mesma oligarquia que tanto critica, muito embora tenha sua esposa na Câmara Federal, um filho na Assembléia Legislativa do Estado do Amapá, sem esquecer a senhora sua irmã, a ex-deputada federal Raquel Capiberibe, hoje aposentada no cargo de Conselheira do Tribunal de Contas do Amapá, nomeada por ele quando governador.
Pensar é preciso. Ou não será preciso pensar? De tal modo que em outubro, pensemos 70 vezes sete, antes de escolhermos nossos candidatos, porque o preço pago pela omissão dos melhores, é sermos governados pelos piores.

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