quarta-feira, 26 de maio de 2010

PARA QUE TUDO ACONTECESSE

Para que tudo acontecesse, foi preciso que eu te encontrasse, foi preciso que tu existisses. Para que existisses, foi preciso que teus ancestrais tivessem vindo de há muito do coração da Mãe África para outras terras, outros povos, outros costumes, outras línguas, e misturassem seu sangue ao sangue desses povos estranhos, de pele diferente dos da tua raça.
Mas, muito antes, foi preciso que os primeiros hominídeos descessem das árvores e produzissem um novo animal. Esse animal, muito tempo depois, receberia o nome de homem. Fico imaginando, a solidão do primeiro ser que teve a consciência do próprio existir, e sentiu-se tão pequeno, tão diminuto, tão ínfimo, diante da imensidão do Universo. Aterrorizado, quem sabe, imaginou um ser Todo Poderoso que lhe ouvisse as angústias.
Eu, tal qual aquele primeiro homem, sofro da solidão mais absoluta dos que sabem que não existem palavras que possam exprimir quanto dói estar sozinho, quando não se tem deuses para adorar.
Mas, para que tudo acontecesse, foi preciso que, antes dos primeiros homens e dos primeiros deuses, que o espírito de Deus deslizasse por sobre a superfície das águas. Mas, antes que as primeiras águas existissem, foi preciso que toda a matéria existente antes de tudo, se unisse num só bloco e explodisse, há 15 bilhões de anos luz.
Dessa explosão cósmica, mais poderosa do que tudo o que poderia ocorrer depois, pois nada ocorreu antes, foi que nasceu o meu amor por ti. Naquele tempo,, quando nada existia, exceto a massa informe de tudo o que há, eu já dançava contigo nas estrelas que ainda estavam por ser criadas, o Bolero de Ravel. E ainda que não creias, depois de todo esse tempo, continuas linda, como se o tempo não existisse. Foi assim que tudo aconteceu, ainda que ninguém creia, o que é irrelevante.
Certas coisas não ocorrem para que se creia. Ocorrem apenas, porque assim está escrito nas estrelas.

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