segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

UMA IDEIA MUITO BOA


Finalmente, eis que surge uma boa idéia – que não tem nada a ver com uma certa marca de cachaça, esclareça-se. O fantástico, é que essa boa idéia tenha surgido no deserto de neurônios do parlamento brasileiro, onde reina absoluto, D. Lula I, rei do Planalto Central, país à prova de entendimento lógico.
E que boa idéia é essa?, perguntarão meus seis leitores. A ideia é do senador Cristovam Buarque (PDT-DF). Ele apresentou um projeto de lei propondo que todo político eleito (vereador, prefeito, deputado, etc.) seja obrigado a colocar os filhos na escola pública até 2014. Quando os políticos se virem obrigados a isso, a qualidade do ensino irá melhorar. E todos sabem das implicações decorrente do ensino público que temos no Brasil. É claro que, para que o projeto passe, será preciso uma enorme pressão da opinião pública.
Não tenho a menor dúvida de que, pela excelência da idéia e pela coragem do senador em submeter o projeto à votação de seus pares, que no geral e no fundo de seus corações não desejam a melhoria da educação brasileira, por acreditarem piamente que ela fere seus interesses próprios, na medida em que a manutenção de “currais eleitorais” atende melhor seus desejos, o projeto deverá ser reprovado. Mas, que ninguém tenha a menor dúvida de que o projeto é simplesmente sensacional, fantástico e absolutamente inovador. Se aprovado, o Brasil daria um passo gigantesco na direção do mais alto patamar da educação e cultura, onde só estão os países que fazem dela, a educação, seu objetivo maior. Todos sabemos que um simples real investido na melhoria da educação, diminui em muitos reais as despesas com saúde e segurança. Em seu Art. 1, o projeto de lei decreta que os agentes públicos eleitos para os Poderes Executivo e Legislativo federais, estaduais, municipais e do Distrito Federal são obrigados a matricular seus filhos e demais dependentes em escolas públicas de educação básica. Ótimo. Maravilha.
Vou mais longe ainda, acredito que o ilustre senador deveria inserir em seu projeto ou, se isso não for possível, apresentar outro projeto de lei, estendendo a obrigatoriedade de que esses mesmos agentes públicos eleitos usem, assim como seus filhos e demais dependentes o transporte público brasileiro e quando acometidos de qualquer enfermidade sejam todos internados em hospitais da rede pública. Creio firmemente, que o nosso triste país daria um salto de qualidade de vida tão grande, que poderia, quem sabe, ser imitado por outros países, tal a pressão que a opinião pública mundial exerceria sobre seus respectivos governos. E assim, esclarecidos porque educados, não mais toleraríamos que endeusados deficientes culturais nos governassem, como infelizmente acontece desde sempre, salvo as honrosas exceções, que sempre as há. Acredito que país ideal, seria aquele onde os príncipes fossem filósofos e os filósofos, príncipes.
Porém, indo mais longe ainda, que tal se Vossa Excelência propusesse que, a partir de 1º de Janeiro de 2011, o salário dos parlamentares brasileiros fossem aumentados pelo Poder Judiciário? A prática de legisladores aumentarem no percentual que desejarem sua própria remuneração pode até ser legal, mas é imoral.
Sei que essas idéias são apenas quimeras, sonhos e ilusões. Mas sonhar não paga imposto. Ainda.

SOBRE FÉ E FANATISO


Fé, como se sabe, consiste em crer, não naquilo que parece verdadeiro, mas naquilo que parece falso a nosso entendimento. Somente pela fé é que asiáticos e africanos podem crer na viagem de Maomé (Muhamad) por todos os planetas nas encarnações do deus Fô, de Vishnu, de Xaca, de Brahma, de Samonocodom, etc... Eles submetem seu entendimento, tremem ao analisar os fatos, não querem ser jogados nas fogueiras e confessam: “Eu creio”. É claro que esse princípio, o da submissão, vale para os seguidores e praticantes de toda e qualquer religião, não esquecendo que política, num certo sentido, também é uma espécie de religião, na medida em que tem seus “deuses”, acólitos e seguidores. Não à toa, Friedrich Nietzche dizia que, “quando uma pessoa chega à conclusão de que precisa ser comandado, torna-se “crente”, caso em que, é possível imaginar que um homem absolutamente livre, possa ser tentado a dançar, até mesmo à beira de precipícios”.
Há fé nas coisas espantosas e há fé nas coisas contraditórias e impossíveis, afirma François-Marie Arouet, conhecido mundialmente pelo nome de Voltaire, filósofo francês do século XVII.
Os hindus acreditam que Vishnu se encarnou quinhentas vezes; isso é realmente algo espantoso. E dirão ele a seu bonzo: “Temos fé”. Eu, de minha parte, prefiro jogar no time de Baruch de Espinoza, que dizia não ser possível ter fé sobre os escombros da razão Se pelo menos Deus atendesse pelo nome de Lógica... Mas não atende. Do alto da Sua onipotência, quer o que os italianos chamavam schiavi, os romanos servis, os eslavos slavs e os portugueses escravos. E esse Deus Todo-Poderoso, segundo os crentes, quer que todos aqueles paridos de um ventre de mulher, se submetam sem razão e sem por quê? Por outro lado, creio, o que já significa ter fé, - pelo menos um tipo particular de fé - que Deus queira que sejamos virtuosos, não que sejamos ou acreditemos em absurdos.
O fanatismo, por sua vez, é para a superstição, o que o delírio é para a febre, o que a raiva é para a cólera. Aquele que tem êxtases, visões, que toma os sonhos por realidade, e suas imaginações como profecias, é um entusiasta, como diria Voltaire. Por sua vez, aquele que alimenta sua loucura com o assassinato é um fanático. Juan Diaz (teólogo evangélico calvinista espanhol, autor do livro “Suma da religião cristã”), estava absolutamente convencido que o papa era o próprio anticristo do Apocalipse e que tinha o signo da besta, ou seja, o número 666. Seu irmão, Bartolomeu Diaz, que partiu de Roma para assassinar santamente seu irmão – e efetivamente o matou por amor a Deus - era apenas um abominável fanático, movido tão-somente pela superstição, uma vez que toda e qualquer religião é apenas uma forma de superstição. Os assassinos do duque François de Guise (1520-1563, morto durante as guerras de religião), de Guilherme I, de Nassau (1533-1584, príncipe de Orange, rei dos Países Baixos), Henrique III (1551-15589, rei de França, que tentou reconciliar católicos e protestantes, por uma política de tolerância, foi apunhalado por Jean Chastelou ou Châtel, acusado de não defender os católicos, Henrique IV (1553-1610, rei de França, indefinido quanto à religião, ora sendo católico, ora sendo protestante, foi assassinado por François Ravailac, professor que depois se tornou frade, e que acreditava que salvaria a religião católica se matasse o rei, que se aliara a potências protestantes para mover guerra à Áustria e Espanha, que professavam a religião católica. Todos esses fanáticos eram apenas energúmenos, afetados pela doença da mesma raiva de Diaz.
Ao longo da história, o que não faltam são exemplos do fanatismo que oblitera a razão e leva pessoas à prática de males terríveis e tenebrosos, a começar pelo estreitamento da mente e da visão das coisas, que em tese, as religiões deveriam abrir. Talvez o mais detestável exemplo de fanatismo tenha ocorrido aquele dos burgueses de Paris, que assassinaram, degolaram, atiraram pelas janelas de edifícios e despedaçaram seres humanos na chamada “Noite de São Bartolomeu” apenas porque não iam à missa, dita santa.
Talvez os males provocados pela “Noite de São Bartolomeu” só tenha sido superado pelo assassinato do arquiduque Ferdinando, da Áustria, por um fanático ativista sérvio, que foi o estopim para a deflagração da I Guerra Mundial, que causou pelo menos 10 milhões de mortos. Posteriormente, o fanatismo nazista, provocou, além do genocídio de seis milhões de judeus, um conflito que envolveu 2/3 da humanidade e provocou, segundo os estudiosos, algo entre 40 e 80 milhões de mortos. Tudo isso sem falar nos milhares de homens e mulheres que durante a Idade Média foram condenados à fogueira, pela simples razão de não professarem a religião católica. E também sem levar em conta que muitos muçulmanos acreditam que agrada a Deus, matar infiéis, ou seja, todos aqueles que não professam o islamismo. Santa ignorância, se é que a ignorância e santa.
O pior é que, em pleno século XXI, o fanatismo continua mais ativo que nunca. Fanáticos petistas dizem que D. Lula I é uma espécie de “Sanctu Sanctorum” da política. Seus adversários, por sua vez, afirmam que ele tem na testa, marcado a ferro e fogo, o numero 666, ou seja a besta do Apocalipse brasileiro. Tolice. Nem uma coisa e nem outra. Ele é apenas um oportunista, esperto o suficiente para sair da condição de simples metalúrgico para a Presidência da República. De minha parte, é apenas um presidente possuidor de uma deficiência cultural raras vezes vista na história da deficiência mundial e por isso, incapaz de bem governar m país tão múltiplo quanto o Brasil. Mas, fazer o quê, se essa é a vontade da maioria deste povo, ele também, apenas um povo que sofre da maior deficiência educacional e cultural, e por isso deve ser perdoado, porque não sabe o que faz.
Se, pelo menos conhecêssemos um pouco de filosofia... Mas não conhecemos nada, absolutamente nada. Sabe-se que a filosofia é o remédio mais eficaz contra o fanatismo e os males provocados por ele, porque seu efeito é tornar a alma tranquila, e o fanatismo é incompatível com a tranquilidade.

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