quarta-feira, 3 de novembro de 2010

RASTROS NO MAR

É claro que o texto abaixo não é meu. É de Antonio Machado, mais precisamente Antonio Cipriano José María y Francisco de Santa Ana Machado Ruiz, conhecido como Antonio Machado, nascido em Sevilha em 26 de julho de 1875 e falecido em Collioure, França, 22 de fevereiro de 1939, tendo sido um poeta espanhol, pertencente à Escola Modernista.
Dito isso, é necessário que mergulhemos na profundidade das linhas mais famosas do autor, os dois versos de Proverbios y cantares XXIX em Campos de Castilla:
“CAMINHANTE, NÃO HÁ CAMINHO,
O CAMINHO É FEITO AO ANDAR.
AO ANDAR SE FAZ O CAMINHO
E AO OLHAR PARA TRAZ,
SE VÊ A SENDA QUE NUNCA
SE VAI VOLTAR A TRILHAR.
CAMINHANTE NÃO HÁ CAMINHO,
SOMENTE RASTROS NO MAR.”
Quando se chega à idade da senectude, é que começamos a perceber o quanto somos tolos no longo percurso que é a vida, mais especificamente a vida de um caboclo tipicamente amazônida, que um dia decidiu conhecer o mundo exterior sem saber que o mundo inteiro cabe dentro de ti, cabe dentro da tua aldeia, como dizia Immanuel Kant.
Realmente, não há caminho. O caminho é feito ao andar. Tão simples, tão óbvio, e no entanto passamos por ele acreditando que já existia antes de ser trilhado. E se um dia pararmos e olharmos para trás, perceberemos que o que se vê é a senda que não voltaremos a trilhar nunca mais. E o que é a vida passada, perguntamos perplexos? Antonio Machado nos responde de modo bem simples: “Somente rastros no mar.”
E nesses momentos, lembro de Roberto Campos e seu Lanterna na Popa, cuja inspiração vem de um texto de Samuel Taylor Coleridge (1772-1834): “Mas a paixão cega nossos olhos, / e a luz que a experiência nos dá é a / de uma lanterna na popa, que ilumina / apenas as ondas que deixamos para trás.”

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